De Darwin para as mulheres

Alexandre Rands Barros
Economista, PhD pela Universidade de Illinois e presidente do Diario de Pernambuco

Publicado em: 16/03/2019 03:00 Atualizado em:

A evolução das espécies levou à diferenciação de características entre homens e mulheres, assim como o fez na maioria dos mamíferos e outros animais. Tais diferenças fizeram elas terem estrutura muscular mais frágil e serem mais aversas ao risco, por um lado, mas pelo outro herdaram geneticamente uma maior capacidade cerebral de gerenciar vários processos ao mesmo tempo. Além disso, elas são menos competitivas e conseguem mais facilmente gerar empatia. Por isso, tendem a ter mais altruísmo. Essas características foram fomentadas ao longo da evolução da nossa espécie enquanto estávamos em formação. A especialização natural da mulher na criação de filhos fomentou esses atributos nelas.
Tais características, contudo, custaram caro a elas ao longo da história (não necessariamente na pré-história). A menor força física e maiores empatia e aversão ao risco delas fizeram com que os homens se apropriassem da liderança da humanidade. Exageraram muito nela, pois submeteram as mulheres a posições de subordinação absurdas, culminando com o uso excessivo da violência contra elas. No entanto, o processo de desenvolvimento material da humanidade, principalmente na organização da produção, é tal que se criaram as condições para que essa situação seja revertida no futuro. As mulheres dominarão o mundo. Certamente serão mais sensatas do que nós homens e não nos imporão condições humilhantes de subordinação, como fizemos a elas ao longo da história.
A humanidade evolui basicamente tentando reduzir os riscos de adversidades futuras, sendo a fome e outras durezas as principais metas buscadas. Para isso, optamos pela construção de uma estrutura organizacional cooperativa entre grupos cada vez maiores de indivíduos, pois ela permite que haja ganhos de produtividade decorrentes de escala, divisão do trabalho, e fluxo adequado de informações. Já evoluímos muito nesse sentido, apesar de não termos estendido os benefícios possíveis para todos os cidadãos do planeta, nem sequer para a maioria deles, pois ela ainda carece de acesso a condições básicas para o bem-estar material. Mas hoje muitos de nós já trabalhamos em organizações complexas, com ambientes multitarefas, e necessidades de sistemas e processos de controle complexos. Claro que no meio sindical ainda há muitos que insistem em se manter na era fordista. Ou seja, a humanidade evolui para a complexidade e a diversidade de tarefas e alguns nostálgicos ainda sonham com a especialização. Mas na verdade, as pessoas aumentam a diversidade de funções dentro das empresas, enquanto essas últimas se especializam no mercado. É assim que a humanidade está evoluindo. Especialização empresarial e diversidade de tarefas desempenhadas por cada indivíduo dentro delas. As mulheres são mais hábeis a desempenhar essas atividades multifunções por causa de peculiaridades de sua formação genética ao longo da evolução. Por isso, devem paulatinamente ganhar a hegemonia dentro das empresas. Daí certamente avançarão essa hegemonia para os governos e para a sociedade como um todo.
Quando elas se tornarem hegemônicas nas empresas e governos, passaremos por transformações importantes. O mundo deverá funcionar de forma mais fraterna, com mais empatia e altruísmo do que sob o comando dos homens. Esse será um momento em que o conhecimento reduzirá o papel das incertezas nas decisões, assim como os riscos envolvidos em decisões empresariais, por consequência da evolução das tecnologias de processamento de informações. É curioso perceber que talvez entremos no que os esotéricos chamam de Era de Aquário: um mundo sem racismo, sem brigas exageradas e com pessoas mais fraternas entre elas. Bem que isso tudo poderia ocorrer bem antes de 2600, como previsto para a era de Aquário por Jung.


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