O massacre de Suzano

Moacir Veloso
Advogado

Publicado em: 15/03/2019 03:00 Atualizado em: 15/03/2019 08:46

Na manhã do dia 13/03/2019, Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro,  25 anos, saíram das suas residências fortemente armados e com uma idéia na cabeça: promover o assassinato em massa, dos alunos da Escola Raul Brasil, em Suzano-SP de onde eram ex-alunos.

Inicialmente dirigiram-se a uma agência de carros, Jorginho Veículos, onde Guilherme executou com três tiros, o seu tio e dono do estabelecimento, Jorge Antonio de Morais. Em seguida dirigiram-se no veículo que tinham alugado à Escola Raul Brasil. Às 9h43 estacionaram o carro em frente à Escola,  entraram e foram direto para a Secretaria onde atiraram na Coordenadora Pedagógica Marilena Umazu, 59 anos, e na Agente Escolar Eliana Regina Xavier, de 38 anos. Em seguida foram até o pátio da escola, onde atiraram a esmo, num grupo de estudantes que estavam em hora de recreio. Enquanto isso, cerca de 70 alunos se trancam com uma das cozinheiras na cozinha da escola, próximo ao pátio, e usam geladeiras como barricadas.

Frustrados, retornaram pelo mesmo corredor e foram em direção ao Centro de Línguas, onde outro grupo de estudantes também estavam trancados. Neste momento, ao perceberem a chegada da polícia Guilherme atirou em Luiz Henrique e praticou suicídio. Enquanto isso, alunos saem correndo pelo portão enquanto outros conseguem pular o muro da escola e evadir-se do local.

A tragédia chocou o Brasil e acendeu a luz vermelha para as autoridades encarregadas da segurança pública, em relação a essa espécie de morticínio, que, apesar de ocorrer com alguma freqüência nos Estados Unidos, aqui no Brasil está ganhando força, senão vejamos os precedentes: em Salvador, no ano de 2002, um jovem de 17 anos matou duas colegas dentro da sala, no colégio particular Sigma, e foi preso em flagrante. À época, a delegada encarregada do caso afirmou que o revólver calibre 38 utilizado pelo garoto pertencia ao pai, que era perito policial. Em Taiúva, município a 363 km de São Paulo, no ano de 2003, Edmar Aparecido Freitas,  um ex-aluno da Escola Estadual Coronel Ben Ortiz, 18 anos, invadiu o pátio da instituição, atirou em alunos, professores e funcionários, e depois se matou. Oito pessoas ficaram feridas, uma morreu e um aluno ficou paraplégico, após cerca de 15 disparos com um revolver calibre 38.

No Realengo,  Rio de Janeiro, em 2011,  um ex-aluno da Escola Municipal Tassio da Silveira, Wellington de Oliveira, de 23 anos, entrou na unidade e abriu fogo contra salas de aula lotadas matando 12 estudantes e ferindo 22. Em 2017, no Colégio Goyases, em Goiânia-GO, um aluno de 14 anos armado com uma pistola de uso restrito da Polícia Militar, deixando dois adolescentes mortos, quatro feridos e uma jovem paraplégica. À época, o garoto afirmou que agiu inspirado no massacre do Realengo-RJ, ocorrido em 2011.

Como se vê, estamos diante de um gravíssimo problema de ordem criminal. É que, até agora, tudo indica não haver nenhum tipo de prevenção para se evitar esses absurdos assassinatos em massa. Pelo contrário; penso que a essa altura, nos subterrâneos da internet, deve haver grupos virtuais encarregados de estimularem e até colaborarem para o êxito dessas barbaridades, com ações que vão desde demonstrações para o fabrico de artefatos explosivos, até o próprio apoio logístico.

Cabe às autoridades competentes, implementar um trabalho de inteligência, a fim de identificar os criminosos potencialmente capazes de promover esses massacres. Os americanos já o fazem. De vez em quando conseguem evitar atentados, com o monitoramento tecnológico e prisão  de psicopatas suspeitos. Agora é rezar para que essas tragédias não se repitam.    

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