Tradição popular: literatura de cordel

Giovanni Mastroianni
Advogado, administrador e jornalista

Publicado em: 19/02/2019 03:00 Atualizado em: 19/02/2019 08:29

Expressam os dicionários que o verbete literatura origina-se do latim littera, que, em versão para o português, significa letra, sendo, pois, uma das manifestações artísticas do ser humano, ao lado da dança, teatro, música, arquitetura e escultura, entre tantas outras.

Em uma linguagem clássica, literatura é um conjunto de conhecimentos relativos às obras ou aos autores literários. Melhor elucidando: reunião de obras literárias de conceituado bom gosto, integrantes de uma região, gênero ou ocasião.  Aproveito, então, as explicações para indagar se com tais conceitos enquadrar-se-ia nessa assertiva a literatura de cordel? É o que procurarei elucidar, a partir de tão oportuna indagação, nas próximas assertivas desta crônica..

A literatura de cordel, antes de tudo mais, precisa se esclarecer que é uma linguagem literária, caracterizada por narrar uma história em forma de poesia e de rimas e que foi batizada com essa curiosa designação por conta da forma arcaica com que os opúsculos ou folhetos são negociados, curiosa e pitorescamente suspensos em  cordões e barbantes. Tal espécie de prospecto tornou-se uma verdadeira coqueluche pública, muito forte, principalmente no Nordeste do país, onde as narrativas populares são tidas como verídicas, mesmo quando simples fantasias, que se constituem em lendas sertanejas e que se imortalizam, com a cultura e os costumes regionais.  

Tal romance popular nordestino, à primeira vista, não impressiona em sua aparência, pela pobreza de encadernação, pois, geralmente, apresenta, tanto em seu conteúdo externo e interno, respectivamente, capas e folhetos simples, que após, modestamente impressos, são expostos à venda, como já esclarecido, pendurados em feixes de fios, normalmente dobrados para obterem mais resistência às dezenas de livrecos.

Não se pode, entretanto, deixar de reconhecer o valor que têm os criativos autores de seus contos, assim como os trabalhos ilustrados com xilogravuras, devidamente impressos, extraídos de desenhos gravados em madeira e transpostos como ilustração.

Faz-se mister, entretanto, esclarecer que, em sua maioria, os poemas de cordel são descritos em forma de rima, valorizando, mais ainda, essa literatura, que não é exposta em livrarias, mas sim em feiras e mercados.

Para os cordelistas, que vem a ser romanceiro? Este é o termo que permite designar um conjunto de romances ou, também, ao indivíduo que recita este tipo de composições poéticas. Cabe destacar que um romance é, no âmbito da poesia, a obra que repete uma mesma assonância nos versos pares e que não inclui rimas nos versos ímpares.

É comum o autor da literatura de cordel ao encerrar suas obras, fazer uma breve exposição referente ao mote selecionado para a divulgação popular. Por minha vez, ao trazer a lume tão pouco divulgado assunto, pretendo, apenas, externar esquecido tema, na certeza de que será bem aceito pelos leitores, mesmo pelos que não são adeptos da literatura de cordel.

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