Editorial Compromisso com o futuro

Publicado em: 18/02/2019 03:00 Atualizado em: 18/02/2019 08:57

Ainda que o país não conheça todos os detalhes, o projeto de reforma da Previdência que será apresentado pelo governo nesta semana dá um claro sinal de que a equipe econômica está disposta a arrumar o regime de aposentadorias e, consequentemente, colocar as contas públicas em ordem. A fixação de idade mínima para homens e mulheres é um ponto a ser exaltado, sobretudo por deixar o Brasil em linha com o que se vê no mundo civilizado.

A expectativa é de que o bom senso prevaleça no Congresso e, independentemente de ideologia ou populismo, a reforma seja aprovada o mais rapidamente possível. O Brasil está ansioso por voltar a crescer de forma consistente, criando empregos e melhorando a renda dos trabalhadores. A inflação deve fechar o ano novamente abaixo da meta e os juros tendem a permanecer nos níveis mais baixos da história. Portanto, se as contas públicas forem ajustadas — e, para isso, a reforma da Previdência é essencial —, os pilares para um avanço mais rápido do Produto Interno Bruto (PIB) estarão consolidados.

É verdade que o momento político não é dos melhores, com o governo mergulhado em uma crise que resultou na primeira queda de um de seus ministros, mas o país tem maturidade o suficiente para separar o que realmente é relevante e o que são questões naturais da política. O governo não pode perder o foco. Deve concentrar todas as energias para aprovar as mudanças no sistema previdenciário e todas as medidas que resultem em melhores condições de vida à população.

O Brasil já perdeu tempo demais. Todas as administrações que antecederam a atual tiveram cacife político suficiente para aprovar a reforma da Previdência, mas ou não tiveram coragem de encarar o problema ou fizeram o trabalho pela metade por comodismo. Não é justo com a população de que esse filme se repita. A grande maioria dos brasileiros está à espera na nova era que foi vendida com ênfase durante a campanha eleitoral.

O deficit previsto para a Previdência neste ano passará de R$ 300 bilhões. Mesmo que a reforma seja aprovada ao longo de 2019, o impacto nas contas públicas só será sentido nos próximos exercícios. Mas é preciso agir rápido para dar um sinal efetivo aos investidores e à sociedade de compromisso com o ajuste fiscal.

Se a reforma for aprovada do jeito que a equipe econômica está propondo, será possível economizar cerca de R$ 1 trilhão em 10 anos. Pode parecer muito, mas a economia média anual, de R$ 100 bilhões, representa apenas um terço do buraco estimado para este ano. Portanto, é recomendável aos senhores parlamentares que não mexam nas bases do projeto preparado pelo governo. Qualquer mudança para pior indicará descompromisso com o futuro do país.

O momento é de urgência. Todos sabem que a reforma da Previdência está atrasada. E esta não será a primeira mudança no regime de pensões e aposentadorias. Outras serão necessárias mais à frente. O Brasil está envelhecendo rapidamente. As próximas gerações exigem que o trabalho comece já. E, se possível, com muito juízo.

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