Editorial O papel do Congresso

Publicado em: 11/02/2019 09:00 Atualizado em:

O Congresso voltou a funcionar, mas, passada uma semana, marcada por polêmicas, sobretudo nas eleições para a Presidência do Senado, o que se viu foi só frustração. A tão alardeada renovação de deputados e senadores em nada serviu para dar ares novos ao Legislativo. Os velhos políticos que permaneceram continuam seguindo a cartilha refutada pelos eleitores nas urnas e os que chegaram estão mais preocupados em se mostrar nas redes sociais do que em trabalhar em prol do Brasil.

Com o país vitimado por tantas tragédias, todas elas evitáveis, esperava-se uma posição mais dura do Parlamento no sentido de levantar o debate para punir, de forma severa, aqueles que transgridem as leis e provocam mortes de inocentes. Poucas foram as vozes sensatas que se levantaram cobrando não só ações mais efetivas de fiscalização do Poder Público, mas também medidas para levar para trás das grades aqueles que se refestelam com a corrupção para garantir ganhos em cima dos mais fracos.

É de suma importância que o Congresso assuma de vez o seu papel. Há uma demanda enorme da sociedade a ser atendida, a começar pela revisão das leis que afrouxaram o papel dos órgãos fiscalizadores, atendendo a lobbies de empresas que têm no DNA o desrespeito às boas práticas. Também é fundamental que deputados e senadores entrem de vez nos debates sobre temas importantes como a reforma da Previdência e o reforço na segurança pública. Essas duas pautas podem, perfeitamente, caminhar juntas em benefício do país.

O discurso de que a reforma da Previdência pode atropelar o pacote anticrime preparado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, é uma falácia. É desculpa de quem está contra o Brasil. São temas pesados, que exigem amplo debate, mas o Parlamento está aí justamente para isso. Para que possa discutir quais as melhores alternativas a um  país que se ressente do descaso de governantes, que o empurraram para uma tríplice crise: ética, política e econômica. É preciso sair  urgentemente desse quadro devastador.

Entende-se que o fato de o presidente da República estar internado, de a recuperação dele ser mais lenta que o esperado atrapalha a agenda do Executivo. Mas deputados e senadores podem — e devem — tomar a frente dos debates, reforçando o papel para os quais foram eleitos. Ora, se o presidente precisar de um pouco mais de repouso, o Congresso vai parar? E o país, como ficará? Portanto, senhores parlamentares, a primeira semana de adaptações passou, agora, é preciso mostrar a que vieram. As ruas estão ansiosas.

O Brasil vive um momento crítico. Não para de contar mortos. A moral dos brasileiros está no chão. Vamos virar esse jogo com um trabalho sério, voltado para o interesse da maioria. O Congresso, cuja imagem está no limbo, não pode faltar nesta etapa crucial, de reconstrução de uma nação partida pelo ódio, pelo desemprego, pela violência, pela discriminação, pela falta de oportunidades. Não podemos mais adiar o futuro do país.

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