Shakespeare no Planalto ou o que não aprendemos no poder
Luiz Otavio Cavalcanti
Ex-secretário de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura do Recife, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco e ex-secretário de Planejamento de Pernambuco.
Publicado em: 23/01/2019 03:00 Atualizado em: 23/01/2019 08:47
As tramas de Shakespeare se passam na gélida Inglaterra. Alongando-se em tórridas tragédias para o território da Dinamarca. Assim foi com Hamlet. Morto, sua ausência desimpediu Claudio de casar com a cunhada, Gertrudes.
Paixão, sonho, temor, ambição. São ingredientes sempre presentes no palco do poder. Invisíveis, quase sempre. Mas, tangíveis, nas dobras de transparente informação.
Assim foi com o ex presidente Lula. Acometido, em 1984, por seguida amnésia, nunca explicou o mensalão. Comentado em breve entrevista, dada nos arredores da longínqua Paris. Quando nada se falava ainda sobre seus parentes.
Assim foi com a ex presidente Dilma. Que negou até onde pode as diatribes de Palocci. Mas terminou refém do próprio temperamento, incontornável. E jogou fora um projeto de poder que chegou de graça ao seu colo. Não há parentes nessa história.
Assim parece acontecer com Bolsonaro. Cujo sobrenome tornou-se assinatura de família. Estendida aos filhos políticos. E o que é ativo familiar, corre o risco de sofrer estilhaço imprevisto. Em raro cristal tcheco.
Agamenon Magalhães dizia que “parente só faz gol contra”. Nem tanto. Em Pernambuco, dois exemplos honraram o lugar: Everardo Maciel, primo de Marco Antônio; Gustavo Krause, sobrinho de Moura Cavalcanti.
Mas, o trópico não foge a eventuais dramas shakespeareanos. Quando menos se espera, diminui o brilho do sol. E nuvens improváveis aguardam que o vento sopre ares de clareza esperada. E limpeza rápida.
O Brasil está grávido de uma mescla: metade é esperança, metade é melancolia. E, agora, surge um bode no meio da sala. É preciso retirar o bode. Mesmo que o bode seja figura próxima, familiar. Porque a democracia não tem parentes, nem conta bancária. E a República cultua exemplaridade.
Shakespeare escreveu que “sábio é o pai que conhece o próprio filho”. E Maquiavel disse que “no poder, é melhor ser temido que amado”.
Eis a chave do que aprendemos no poder. Ou não aprendemos.
Paixão, sonho, temor, ambição. São ingredientes sempre presentes no palco do poder. Invisíveis, quase sempre. Mas, tangíveis, nas dobras de transparente informação.
Assim foi com o ex presidente Lula. Acometido, em 1984, por seguida amnésia, nunca explicou o mensalão. Comentado em breve entrevista, dada nos arredores da longínqua Paris. Quando nada se falava ainda sobre seus parentes.
Assim foi com a ex presidente Dilma. Que negou até onde pode as diatribes de Palocci. Mas terminou refém do próprio temperamento, incontornável. E jogou fora um projeto de poder que chegou de graça ao seu colo. Não há parentes nessa história.
Assim parece acontecer com Bolsonaro. Cujo sobrenome tornou-se assinatura de família. Estendida aos filhos políticos. E o que é ativo familiar, corre o risco de sofrer estilhaço imprevisto. Em raro cristal tcheco.
Agamenon Magalhães dizia que “parente só faz gol contra”. Nem tanto. Em Pernambuco, dois exemplos honraram o lugar: Everardo Maciel, primo de Marco Antônio; Gustavo Krause, sobrinho de Moura Cavalcanti.
Mas, o trópico não foge a eventuais dramas shakespeareanos. Quando menos se espera, diminui o brilho do sol. E nuvens improváveis aguardam que o vento sopre ares de clareza esperada. E limpeza rápida.
O Brasil está grávido de uma mescla: metade é esperança, metade é melancolia. E, agora, surge um bode no meio da sala. É preciso retirar o bode. Mesmo que o bode seja figura próxima, familiar. Porque a democracia não tem parentes, nem conta bancária. E a República cultua exemplaridade.
Shakespeare escreveu que “sábio é o pai que conhece o próprio filho”. E Maquiavel disse que “no poder, é melhor ser temido que amado”.
Eis a chave do que aprendemos no poder. Ou não aprendemos.