Editorial Ânsia pelo crescimento

Publicado em: 11/01/2019 03:00 Atualizado em: 11/01/2019 08:49

O Brasil precisa voltar a crescer urgentemente. Desde 2014, a economia está atolada numa crise que ninguém aguenta mais. São pelo menos 12,2 milhões de desempregados e 27 milhões de pessoas subempregadas, trabalhando menos do que gostariam e ganhando aquém do que precisam para bancar despesas básicas. Na indústria, quase 30% das máquinas estão desligadas porque não há demanda pela produção. No comércio, lojas não param de fechar as portas.

Diante desse quadro dramático, é vital que o presidente Jair Bolsonaro adote um tom firme em favor do crescimento. Até agora, o que apresentado pela futura equipe econômica não conseguiu animar os agentes responsáveis por fazer a produção e o consumo deslancharem. É verdade que os índices que medem o otimismo de empresários e consumidores subiram, mas, por trás desse dado positivo, há muita desconfiança. Por uma razão simples: não há clareza sobre a direção que o Brasil seguirá.

O discurso liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, é errático. E há muita resistência na ala política do entorno de Bolsonaro em relação às medidas que o país deve adotar para impulsionar o Produto Interno Bruto (PIB), sobretudo em relação às reformas, a principal delas, a da Previdência Social. Não por acaso, as estimativas de crescimento para o PIB em 2019 continuam estacionadas, girando entre 2% e 2,5%. Em relação aos anos anteriores, os números são bons, mas insuficientes para gerar os empregos que o país tanto precisa para derrubar os índices de desocupação. E, claro, voltar a distribuir renda, uma vez que a pobreza retornou com força.

Do ponto de vista macroeconômico, a equipe econômica não terá muito do que reclamar. O governo de Michel Temer conseguiu reverter a recessão que devastou o país entre 2015 e 2016. Derrubou a inflação para abaixo das metas perseguidas pelo Banco Central — esse quadro deve se manter pelo menos até 2021 — e a taxa básica de juros (Selic) está em 6,50%, o nível mais baixo da história. Também foram aprovados o teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação do ano anterior, e a reforma trabalhista. E mais: o deficit fiscal, que se mantém elevado, parou de crescer.

Portanto, os pilares para um crescimento mais forte do PIB estão reforçados. Agora, cabe ao governo que tomará posse na virada de ano fazer a parte dele. Na economia, não há espaço para bravatas. São necessárias medidas concretas, que tornem o país mais competitivo e mais produtivo. Discurso bonito não encanta mais os agentes econômicos, que estão escaldados por anos de frustrações e estripulias nas ações do Estado. O momento é de agir com responsabilidade. Para reduzir o desemprego e reverter o vergonhoso fosso que separa ricos e pobres, o Brasil necessita de mais equilíbrio e menos populismo.

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