Antologia reinventa voz de Tereza Tenório

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista

Publicado em: 07/01/2019 03:00 Atualizado em: 05/01/2019 21:45

A Cepe concluiu o ano de 2018 com a publicação de obras básicas para a literatura pernambucana, entre elas uma antologia que reúne a poesia de Tereza Tenório com a marca de uma obra definitiva de altíssima qualidade que se nivela ao que de melhor tem se produzido no Brasil.

A grande vantagem de um livro deste porte é que o leitor e o estudioso encontram, num único olhar, aquilo que é, na verdade, a produção de uma vida inteira, sem quedas ou desleixos, sempre reiterando a qualidade de uma voz que se mostra cada vez mais alta.

Presente nos Suplementos literários deste Diario de Pernambuco e do Jornal do Commercio – e é somente aí que os jornais se tornam imortais , e não pela publicação de balanços  e de cotações do dólar –na década de 1960, Tereza ganhou o respeito dos estudiosos com trabalhos artesanalmente bem construídos, conquistando o zelo do mestre César Leal e a colaboração do jornalista César Leal.

Por extensão, chegou ao Jornal Universitário, da Universidade Federal de Pernambuco, editado por Manoel Neto, e não demorou a publicar os seus primeiros livros, sempre ou quase sempre com o selo da Editora Universitária, numa época de ouro.

Recorrendo a metáforas clássicas, símbolos, signos  e imagens que surgem do cotidiano, a destacarem a aventura de viver, com os sonhos de amor e a busca do ideal, Tereza trabalha poemas com um linguagem tensa e aflitiva, que se volta para o delírio e para a realização concreta, ao mesmo tempo.

Neste sentido cria um universo pessoal, de forma a trazer ao leitor um mundo novo, por assim dizer ficcional, que é, todavia, o objeto de toda grande poesia. Basta observar, assim, o poema O Pássaro, uma das suas produções mais belas: Amado, guia os nossos passos, Medo e frio foi o que nos reservou a madrugada.  A noite passada levou em seu ventre nossas vãs e esquecidas esperanças.”

Muito deste livro conta com a colaboração de Wellington de Melo e de Lucila Nogueira, na verdade seus organizadores, com um zelo de estudiosos e de amigos. Wellington Melo é o comandante da Cape Editora, função que exerce com o máximo de atenção para autores e suas obras.

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