Editorial Reforma contra o caos

Publicado em: 07/01/2019 03:00 Atualizado em: 05/01/2019 21:45

Entre os maiores desafios que o novo governo enfrentará nos próximos quatro anos, a reforma previdenciária é, sem sombra de dúvida, o que se mostra mais urgente. A população brasileira vem envelhecendo nas últimas décadas e as projeções apontam para o aumento da parcela idosa no Brasil. Em 1960, a expectativa de vida do brasileiro era de 52,5 anos e, em 2016, passou para 75,6 anos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2060, um quarto da população deverá ter mais de 65 anos, ou seja, 58,2 milhões de pessoas. Em 2018, essa proporção era de 9,2% (19,2 milhões de pessoas).

A previsão de especialistas é de que em 2040 haja mais inativos recebendo aposentadorias do que trabalhadores contribuindo. Esses dados, por si só, mostram a necessidade de priorizar a reforma da Previdência Social neste governo que se inicia. Ao tomar posse na quarta-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, mencionou o desequilíbrio no sistema. Enquanto quem legisla e quem julga as leis no país recebem as melhores aposentadorias, os trabalhadores têm o menor ganho após anos e anos de contribuição. Ele acrescentou que, sem a reforma previdenciária, o governo terá de acabar com a vinculação orçamentária, o que representa o fim da garantia de um gasto mínimo para áreas como saúde e educação.

O cenário que se apresenta é assustador e aponta para um caos se nada for feito. Este ano, a estimativa é de que o rombo nas contas da Previdência Social chegue a R$ 218 bilhões. Só os gastos com servidores da União chegarão a R$ 87,5 bilhões, sem contar estados e municípios. Adiar as mudanças ou fazer arremedos, como foi nos governos passados, é só protelar um problema que precisa ser encarado por toda a sociedade.

Para enfrentar a questão da aposentadoria pública, o primeiro ponto, talvez o mais importante e difícil, seria implementar uma reforma previdenciária que promovesse a equidade e também acabasse com fraudes. As regras atuais levam a uma desigualdade e a privilégios para uma parcela pequena de aposentados, em detrimento da grande maioria da população. Certo é de que não adianta mais adiar esse enfrentamento, sob pena de inviabilizar o sistema e comprometer as aposentadorias num futuro muito mais próximo do que se pode imaginar.

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