Em briga de cachorro grande, pequenês não late...

Jaime Xavier
Mestre em Administração de Negócios pela COPPE - RJ e sócio-diretor da XConsult - Consultoria Empresarial

Publicado em: 04/01/2019 03:00 Atualizado em: 04/01/2019 08:40

Recentemente, chamou a atenção de todo o mundo, o clima em que decorreu a reunião de cúpula entre o líder chinês Xi Jinping e o presidente americano Donald Trump.

Me admiram algumas avaliações que mostram um enorme espanto na forma amistosa com que ambos se portaram, como se isso não fosse o caminho natural a que se ia chegar nessa contenda.

Claro, todos sabemos que, particularmente o presidente Trump é um grande “bravateiro”, acostumado a usar o poder que detém para pressionar seus interlocutores, na busca de chegar aos resultados que lhe interessam.

Pra quem vive ou viveu no mundo dos negócios, não há o que estranhar neste tipo de estratégia, utilizada diariamente por quem se defronta com situações de negociação.

Naquela circunstância portanto, o presidente Trump já havia chegado à conclusão de que não adiantava mais esticar a corda, enquanto Xi Jiping, desde o início das discussões, colocou-se em uma posição de espera, aguardando para ver o que aconteceria à medida que o tempo passasse.

Era uma competição entre dois homens de negócios, ambos capitalistas a seu modo, e à frente das duas maiores potências comerciais do mundo contemporâneo, altamente dependentes uma da outra e conscientes de que o melhor para seus países é estabelecerem mecanismos de convivência comercial, em que os interesses de um e de outro sejam preservados.

De um lado Trump, que sabe, com certeza, que a bonança que os Estados Unidos viveu após sua eleição é fruto de um modelo exacerbado de nacionalismo que começa a se esgotar, e enfrentar dificuldades na economia, já a partir de 2019.

Do outro Xi Jinping, que tem a preocupação de consolidar a posição da China como potência mundial, para não ter a cabeça cortada, como já ocorreu com outros anteriormente, e de gerar riqueza para manter um mínimo de bem-estar, para uma população de mais de 1,3 bilhão de pessoas,..

Não há dúvida de que a postura do povo americano, refletida claramente nos representantes no âmbito dos negócios, é a de uma permanente e escancarada arrogância e superioridade, o que dificulta enormemente as negociações (Trump é um dos maiores expoentes dessa atitude). Por outro lado, a atitude chinesa é de uma aparente simplicidade e até certa humildade, o que esconde um enorme pragmatismo que conduz todo o seu processo de negociação. Em resumo, americanos adoram contar bravatas e ser cortejados, chineses desejam levar vantagem, passando a ideia de que a decisão final foi tomada pelo seu interlocutor.

Por essas razões, me preocupa a linha que vem sendo adotada em relação a nossa política comercial externa, até aqui preferencialmente voltada a privilegiar os negócios  com os americanos e  colocando em segundo plano, os chineses.

Espero, portanto, que o nosso novo presidente e seu chanceler, tenham claro que o melhor para o Brasil é manter boas e proveitosas relações com esses dois gigantes.

Afinal, em briga de rotwailer e Pitbull, Chiuaua não abana o rabo, nem late grosso...

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