Editorial O combate ao Aedes aegypti

Publicado em: 24/12/2018 03:00 Atualizado em: 25/12/2018 10:27

O verão chegou e com ele o temor de que ocorra uma explosão dos casos de doenças típicas da época, como dengue, zika e chikungunya, que podem se tornar letais para os seres humanos. As altas temperaturas aceleram o desenvolvimento das larvas do transmissor Aedes aegypti, mosquito responsável pela disseminação das enfermidades. O sinal de alerta foi dado pelas autoridades da área de saúde, principalmente em relação à dengue, já que este ano voltou a circular um dos tipos do vírus, o Denv 2, que há oito anos tinha desaparecido.

A preocupação é grande porque a maior parte da população dos centros urbanos não teve contato com esta modalidade de vírus, tornando-as mais vulnerável. O que causa mais apreensão é que o vírus tipo 1 sempre predominou e, com o Ddenv 2, a dengue possa se alastrar de forma mais agressiva, como já ocorreu no passado, com epidemias em várias regiões do país. E os gestores da saúde chamam a atenção para o fato de que uma das características do sorotipo é atingir de forma mais grave menores de 15 anos.

O combate ao mosquito Aedes aegypti só surtirá os efeitos desejados se houver a plena colaboração da população, que deve se engajar completamente nessa batalha. De nada adiante as medidas adotadas pelos sanitaristas se os moradores de pequenas, médias e grandes cidades não colaborarem. A aposta do governo é envolver os cidadãos nessa empreitada, uma vez que aproximadamente 85% dos focos do transmissor estão dentro dos domicílios, o que exige atenção constante dos moradores. O que nem sempre acontece. Tradicionalmente, a efetiva participação da população no combate à proliferação do transmissor se dá durante as epidemias.

A boa notícia é que representantes da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão se reunindo para a elaboração de um estudo-piloto para o controle do Aedes aegypti. O foco das autoridades sanitárias é dar prioridade às características de cada área em situação de risco. Após pesquisar cada região, os especialistas podem fazer mudanças nas ações rotineiras e, se a estratégia der certo, os novos procedimentos devem se tornar recomendação internacional a ser seguida por todos os países que convivem com a dengue e demais doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.

Pela diretriz atual de controle do mosquito, as visitas dos agentes sanitários são realizadas a cada dois meses, independentemente da região. Com o estudo-pilloto, a estratificação de risco será usada para priorizar determinadas ações de combate ao transmissor. Novas tecnologias de contenção também estão sendo testadas no Brasil, como o uso da bactéria Wolbachia em mosquitos Aedes. O micro-organismo é inofensivo ao homem, mas impede o vetor de transmitir os vírus. Com essas iniciativas e o engajamento da população na batalha contra a dengue, essa enfermidade e as outras que provocam tantas mortes nesta estação do ano podem ser contidas.

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