Por que o Nordeste é subdesenvolvido?

Sebastião Barreto Campello
Presidente do CENOR %u2013 Centro de Estudos do Nordeste
sebastiaompc@gmail.com

Publicado em: 12/12/2018 03:00 Atualizado em: 12/12/2018 08:49

Em 1816 um escritor e comerciante inglês, chamado Henry Koster, escreveu o livro Travel’s in Brasil, no qual ele afirma que era chocante o contraste entre a pobreza do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro) e a opulência do Nordeste. Roberto Cochrane Simonsen no seu clássico livro de 1944, História Econômica do Brasil, afirma que em 1850 Pernambuco detinha 50% do PIB brasileiro da época. No primeiro recenseamento feito no Brasil, em 1872, o Nordeste aparece com 65% do PIB brasileiro. Por que hoje só temos 15 %? Porque o governo federal, com recursos do Nordeste (a região desenvolvida) passou a investir maciçamente no Sudeste, deixando o Nordeste completamente abandonado.

Vejamos: de 1909 até 1984 (75 anos de atuação): DNOCS despendeu, com correção monetária, US$ 3,2 bilhões. Enquanto investiu-se US$ 16 bilhões em Itaipu em dez anos (cinco vezes mais). Na Ferrovia do Aço US$ 4 bilhões (1,25 vezes mais). No Plano Nuclear US$ 18 bilhões (5,6 vezes mais). Na Aço Minas US$ 6 bilhões (1,9 vezes mais).

Os institutos de pesquisas nos Estados Unidos, país continental como o nosso, são disseminados por todo o país: as de foguetes são feitas no Alabama; as da NASA em Houston, no Texas; as atômicas em Álamo Gordo, New México; as de pesca em Daufin, Alabama; o Robert Talft Wather Research Center, em Cicinati, Ohio; o National Environmental Research Center, em North Caroline; o Southeastan Radiological Heath Laboratory, no Alabama; o National Environamental Sience Center, em Triangle Park, North Caroline; o National Institute of Ocupational Heath & Safety, Cincinatti, Ohio; o Laboratório de Brookhaven, em New York; o Fermilab, em Michigan; o Laboratório de Ótica, no Arizona, as pesquisas eletrônicas, no Texas, etc.

Enquanto que no Brasil todos são no Sudeste: Centro de Pesquisa de Energia Elétrica, no Rio de Janeiro; Centro Tecnológico Aeroespacial, São Paulo; Centro Tecnológico de Informática, São Paulo; Comissão Nacional de Energia Nuclear, São Paulo; Instituto Nacional de Energia Nuclear, Rio de Janeiro; Instituto de Rádio Proteção Nuclear, Rio de Janeiro; Comissão de Energia Nuclear, São Paulo; Centro Nacional de Engenharia Agrícola, São Paulo; Laboratório Nacional de Referência Animal, Minas Gerais; Centro Regional Latino Americano de Agricultura, São Paulo; Centro Nacional de Educação Especial, Rio de Janeiro; Centro Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal para Formação Profissional, São Paulo; Fundação Osvaldo Cruz, Rio de Janeiro; Centro de Pesquisas René Rachou, Minas Gerais; Instituto Nacional de Tecnologia, Rio de Janeiro; Instituto Tecnológico da Aeronáutica, São Paulo; Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro; Instituto de Pesquisa de Fibra Ótica, São Paulo.

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