Editorial Estímulo às exportações

Publicado em: 05/12/2018 03:00 Atualizado em: 05/12/2018 09:00

O superavit da balança comercial de US$ 4,062 bilhões, o segundo maior para o mês de novembro, deve ser comemorado. Mas também serve de sinalização para os novos comandantes da economia, no sentido de que todo cuidado é pouco na formulação da política de comércio exterior, a partir de janeiro. O Brasil não pode perder terreno nas transações comerciais globais com as mudanças anunciadas na política externa, o que poderia causar reflexos negativos para a exportação dos produtos brasileiros.

As exportações no mês passado somaram US$ 20,922 bilhões, alta de 24% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Performance que não pode ser comprometida por ações mal calculadas na política externa, como a anunciada troca da embaixada brasileira em Israel, de Telavive para Jerusalém, o que provocou insatisfação no mundo árabe, grande comprador de proteína animal do país.

O Brasil também pode sofrer retaliações se o governo concretizar a ameaça do presidente eleito, Jair Bolsonaro, de abandonar o Acordo de Paris - compromisso internacional discutido entre 195 nações com o objetivo de minimizar as consequências do aquecimento global. O presidente da França, Emmanuel Macron, já disse que não haverá acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (EU), que vem sendo costurado há anos, se a promessa do futuro presidente da República se tornar realidade, o que certamente interferirá nos planos nacionais de expansão das exportações.

Neste ano de crescimento econômico aquém das expectativas, o saldo da balança comercial somou US$ 51,698 bilhões de janeiro a novembro. Apesar de ser 16,6% mais baixo do que o de 2017, especialistas consideram o desempenho das vendas externas bastante satisfatório, pois é o segundo desde que se iniciou a série histórica em 1989, e só superado pelo do ano passado, no valor de US$ 61,992 bilhões. No acumulado de 2018, as exportações chegaram a US$ 220 bilhões, elevação de 9,4% se comparada ao período de janeiro a novembro de 2017. A importações, por seu lado, foram de US$ 168,3 bilhões, alta de 21,3%.

Economistas avaliam que o crescimento das compras externas em ritmo maior do que as vendas, em última análise, é responsável pelo recuo da balança comercial. Mas o fato de que tanto as importações como as exportações estarem aumentando mostra melhora do comércio exterior e brasileiro, que supera em qualidade e dimensão os resultados do ano passado. O mercado está otimista e alguns especialistas estimam que o superávit comercial possa alcançar, este ano, US$ 58 bilhões, inferior ao de 2017 (US$ 67 bilhões), mas considerado satisfatório nas atuais circunstâncias econômicas.

O comércio brasileiro está se fortalecendo, apesar de todas as dificuldades burocráticas e aduaneiras, e os novos governantes têm a responsabilidade de agir com cautela para que o trabalho feito até hoje não seja prejudicado por ações impensadas. O país, que participa com apenas 1,2% no comércio internacional, tem tudo para expandir suas exportações. Só não precisa é de mais entraves para impedir essa expansão. É necessário todo estímulo às vendas externas.

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