Maurício Rands *
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Publicação: 01/01/2018 03:00
Na última segunda-feira, iniciei uma breve discussão sobre algumas questões levantadas pelo segundo livro do historiador Yuval Noah Harari, professor de história da Universidade Hebreia de Jerusalém. Neste artigo de hoje, continuo o debate sobre as novas tecnologias e o futuro de nossa evolução.
Entre as hipóteses de Harari, a de que o século 21 será dominado pelos algoritmos. Os quais são vistos como um conjunto de métodos empregados para fazer cálculos, resolver problemas e tomar decisões. Os organismos seriam algoritmos e a vida se constituiria em mero processamento de dados. Daí que os computadores e a internet de todas as coisas teriam insuperável vantagem sobre a mente humana. Com os nossos dados neles registrados, os mecanismos de inteligência artificial concentram cada vez mais um formidável acervo de conhecimentos sobre a nossa bagagem genética. Eles conhecerão as conformações estruturais de nossas mentes e corpos de modo mais completo e profundo que nós próprios. E, portanto, poderão moldar nossas inclinações e escolhas. A inteligência ficaria desconectada da consciência. A inteligência (incluída a artificial) tornar-se-ia mais valiosa que a consciência?
Ele faz perguntas concretas diante do fenômeno da inteligência artificial. Que ocorrerá ao mercado de trabalho quando a inteligência artificial conseguir melhores resultados que os humanos na maioria das tarefas cognitivas? Qual será o impacto político do surgimento de uma enorme classe de pessoas economicamente supérfluas? O que ocorrerá à espécie humana quando a biotecnologia permitir criar bebês de design e abrir distâncias sem precedentes entre ricos e pobres? Que faremos quando os algoritmos sem mente forem capazes de ensinar, diagnosticar e desenhar melhor que os humanos? O que ocorrerá quando os algoritmos forem melhores que nós ao recordar, analisar e reconhecer pautas? Como serão feitas nossas escolhas profissionais, financeiras, políticas e até mesmo pessoais quando nosso smartphone nos conhecer melhor do que nós mesmos? O que acontecerá quando houver gaps reais entre as capacidades físicas e cognitivas de uma classe superior com acesso a melhoramentos biogenéticos e o resto da humanidade? Haverá uma pequena minoria de super-humanos que concentrarão ainda mais oportunidades e poder?
Por tudo isso, Harari percebe que o novo ambiente vai propiciar grandes conquistas, como a cura e a prevenção de doenças. Pode-se cogitar até mesmo da superação da morte. Mas, ao mesmo tempo, cresce a hipótese de que o domínio da inteligência artificial coloca em risco a própria existência do Homo sapiens. Pelo menos como ele até hoje existiu.
* Advogado, PhD pela Universidade Oxford, Secretário de Acesso a Direitos da OEA
*As opiniões expressas pelo autor são pessoais e não representam posições da entidade a que está vinculado
Entre as hipóteses de Harari, a de que o século 21 será dominado pelos algoritmos. Os quais são vistos como um conjunto de métodos empregados para fazer cálculos, resolver problemas e tomar decisões. Os organismos seriam algoritmos e a vida se constituiria em mero processamento de dados. Daí que os computadores e a internet de todas as coisas teriam insuperável vantagem sobre a mente humana. Com os nossos dados neles registrados, os mecanismos de inteligência artificial concentram cada vez mais um formidável acervo de conhecimentos sobre a nossa bagagem genética. Eles conhecerão as conformações estruturais de nossas mentes e corpos de modo mais completo e profundo que nós próprios. E, portanto, poderão moldar nossas inclinações e escolhas. A inteligência ficaria desconectada da consciência. A inteligência (incluída a artificial) tornar-se-ia mais valiosa que a consciência?
Ele faz perguntas concretas diante do fenômeno da inteligência artificial. Que ocorrerá ao mercado de trabalho quando a inteligência artificial conseguir melhores resultados que os humanos na maioria das tarefas cognitivas? Qual será o impacto político do surgimento de uma enorme classe de pessoas economicamente supérfluas? O que ocorrerá à espécie humana quando a biotecnologia permitir criar bebês de design e abrir distâncias sem precedentes entre ricos e pobres? Que faremos quando os algoritmos sem mente forem capazes de ensinar, diagnosticar e desenhar melhor que os humanos? O que ocorrerá quando os algoritmos forem melhores que nós ao recordar, analisar e reconhecer pautas? Como serão feitas nossas escolhas profissionais, financeiras, políticas e até mesmo pessoais quando nosso smartphone nos conhecer melhor do que nós mesmos? O que acontecerá quando houver gaps reais entre as capacidades físicas e cognitivas de uma classe superior com acesso a melhoramentos biogenéticos e o resto da humanidade? Haverá uma pequena minoria de super-humanos que concentrarão ainda mais oportunidades e poder?
Por tudo isso, Harari percebe que o novo ambiente vai propiciar grandes conquistas, como a cura e a prevenção de doenças. Pode-se cogitar até mesmo da superação da morte. Mas, ao mesmo tempo, cresce a hipótese de que o domínio da inteligência artificial coloca em risco a própria existência do Homo sapiens. Pelo menos como ele até hoje existiu.
* Advogado, PhD pela Universidade Oxford, Secretário de Acesso a Direitos da OEA
*As opiniões expressas pelo autor são pessoais e não representam posições da entidade a que está vinculado
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