A dificuldade de nos autoperdoarmos

Gustavo Figueirêdo
Especialista em Saúde Mental e psicólogo clínico

Publicado em: 20/03/2019 03:00 Atualizado em: 20/03/2019 09:19

Nesse período da quaresma nada mais justo que podermos parar um pouco e voltarmos as atenções às nossas dificuldades. Haja vista, a maneira a que venho discorrer o assunto, não seja pela via teológica; e sim, pela via psicológica. Não obstante, muitas vezes, as mesmas se intersectam.

É comum no dia a dia das pessoas haver desavenças. Seja no âmbito familiar; seja no trabalho; seja virtualmente, pelas redes sociais; ou seja pessoalmente, pelas vias das imaginações. As possibilidades de estarmos consigo mesmo, ou com as pessoas, nem sempre vem se tornando uma tarefa fácil. Elevando, como consequência, muito mal-estar.

Para quem ainda não sabe: o mundo é como nós estamos. A maneira como enxergamos as pessoas, geralmente, tem a ver como nos encontramos emocionalmente. Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, afirma: “Percebemos nos outros as outras mil facetas de nós mesmos,” conhecido como o famoso “efeito espelho”.

No entanto, como encontrarmos maneiras de abster-se dessa modalidade de espelho? Carl Rogers, psicólogo humanista e precursor da Abordagem Centrada na Pessoa, nos oferece três vias de facilitações básicas, para que o mundo passe a estar como nós estamos; mas de uma maneira saudável. São elas: a empatia, a congruência e a consideração positiva incondicional.

A empatia é se colocar no lugar do outro. Por sua vez, a congruência é estar em sintonia com o outro. E consideração positiva incondicional é aceitar o outro como ele é. Independente de qualquer condição. Este não é o mesmo que concordar; e sim, apenas aceitar.

Na busca pela prática dessas vias facilitadoras que, diga-se de passagem, no dia a dia não é nada fácil de ser realizada, mas não é impossível; Rogers dizia que o homem poderá chegar a uma “Personalidade Ótima”. Esta personalidade nada mais é do que uma pessoa renovada ou em paz consigo mesma. Claro! A isto basta exercitar, assim como um atleta para alcançar o topo do pódio.

Por fim, caro leitor, eis a questão! Como você está? Em paz consigo mesmo ou se enxergando através dos outros?

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