Editorial Alerta do PIB aos políticos

Publicado em: 01/03/2019 03:00 Atualizado em: 01/03/2019 09:12

O fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2018 deve servir de alerta para os deputados e senadores que vão decidir a abrangência e profundidade da reforma da Previdência enviada ao Congresso pelo governo federal. Enquanto os parlamentares não aprovarem as mudanças há muito reclamadas no sistema previdenciário, a economia continuará patinando e não se resgatará a confiança dos investidores para a retomada consistente do crescimento econômico. Somente depois de aprovada a reforma da Previdência, e, na sequência, outras estruturantes, como a tributária, o Brasil poderá vislumbrar um futuro de pleno emprego e de desenvolvimento sustentável.

A diminuta taxa positiva de 1,1% do ano passado – a mesma de 2017 –, embora dentro das estimativas dos especialistas, não deixa de ser decepcionante. Isso porque a expectativa, no início de 2018, era de que o PIB poderia atingir até 3%, o que seria o início do início de um ciclo virtuoso. Mas questões políticas e a greve dos caminhoneiros contribuíram para o esvaziamento do índice de 2018. O país perdeu tempo precioso demais com acirradas disputas entre o grupo político apeado do poder através do processo de impeachment e o que assumiu a Presidência da República.

Com a decepcionante taxa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – o PIB somou R$ 6,8 trilhões –, torna-se urgente a agilização das discussões sobre a Previdência no Legislativo. O país não pode prosseguir crescendo ao ritmo do minguado 1,1%, abaixo da média mundial de 3,7%.

Preocupa o fato de que entre 42 países pesquisados pela consultoria internacional Austin Rating, o Brasil tenha amargado a 40ª colocação. Comparado com os membros do Brics, que além do Brasil reúne China, Índia, Rússia e África do Sul, o crescimento brasileiro é pífio, pois a média esperada no grupo é de 5,1%. A Índia lidera o ranking, com crescimento estimado de 7,5%, seguida da China, cujo PIB divulgado mostra alta de 6,6% em 2018.

O país não pode ficar na esteira do crescimento mundial, mas, para reverter esse quadro, são primordiais as responsabilidades das autoridades constituídas para dar provimento às reformas estruturantes. Apostas são feitas, como a do secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, que acredita que a economia possa crescer entre 2% a 3% nos 12 meses após a aprovação das mudanças no sistema previdenciário público e privado. E crescimento econômico significa criação de empregos, fundamental justamente no momento em que o desemprego teve elevação de 12%, totalizando 12,7 milhões de pessoas sem colocação no mercado formal do trabalho. O Brasil tem de reagir e não pode perder mais tempo. E está nas mãos dos políticos com assento no Congresso o futuro da nação.

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