Editorial O cerco se fecha

Publicado em: 08/02/2019 03:00 Atualizado em: 08/02/2019 08:29

A cada dia que passa, o cerco se fecha em torno do ditador venezuelano Nicolás Maduro, para que deixe a Presidência de seu país e aceite convocação de eleições gerais livres o mais rápido possível. Acusado de ter sido eleito para um segundo mandato em um pleito marcado pela ausência da oposição e por acusações de fraude, o bolivariano Maduro se agarra ao poder com o que lhe resta. Sustenta-se pelos tanques e baionetas das Forças Armadas e de grupos de milicianos que espalham terror entre os que ousam contestar o regime repressivo vigente, especialmente durante as manifestações de rua que tomaram conta do país nos últimos tempos.

No plano internacional, recentemente, o opositor Juan Guaidó foi reconhecido como presidente interino da Venezuela — ele foi indicado pela também opositora Assembleia Nacional — por 17 nações europeias, depois de um ultimato a Maduro. O apoio se deu entre os 28 membros da União Europeia (EU), incluindo os principais países do continente, a exemplo do Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Holanda, Suécia e Dinamarca.

Logo depois de o líder político contrário a Maduro ter sido apontado para exercer o cargo, mês passado, outros 16 governos, principalmente da América Latina, o reconheceram como chefe supremo de seu país, como o Brasil, Colômbia, Chile e Peru, além de Estados Unidos e Canadá. Maduro ainda conta com o apoio da China, um dos principais compradores de petróleo da estatal PDVSA — sem a venda do combustível fóssil a economia da Venezuela entra em colapso total —, e da Rússia, grande fornecedor de equipamento bélico para o ditador, bem como Estados anacrônicos como Cuba, Bolívia, Equador e Turquia.

Organismos internacionais também se movimentam para promover ajuda humanitária ao povo venezuelano. A catástrofe socioeconômica provocada pelos governos bolivarianos — e agravada pelo atual — é de tamanha gravidade que vem causando uma crise migratória sem precedentes. Mesmo com a insistente e condenável negativa do ditador Maduro em receber ajuda humanitária, o Grupo de Lima, formado pelos países mais relevantes da América Latina, além do Canadá, conclama as autoridades — notadamente os militares — a não impedirem a entrada e o trânsito do socorro que for enviado. A população precisa, urgentemente, de assistência alimentícia, de saúde e serviços de proteção ao cidadão.

O governo considerado ilegítimo por muitas nações não pode protelar mais uma solução pacífica para o impasse com a oposição. O apoio ao presidente da Assembleia Nacional cresce a cada dia, e Maduro não terá para sempre a proteção dos generais, geralmente bem posicionados em cargos e funções rentáveis. A pressão popular e internacional aumenta e existe a promessa da oposição de convocação de eleições livres. E o reconhecimento de Guaidó como presidente interino, por parte dos europeus, se deu sob a condição de que um novo mandatário será escolhido pelo voto e com a participação de todos os setores da sociedade da Venezuela. O povo venezuelano não merece tanto sofrimento.

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