Editorial Momento de conciliação

Publicado em: 05/02/2019 03:00 Atualizado em: 05/02/2019 08:23

Câmara e Senado começaram, efetivamente, a trabalhar a partir de ontem. É grande a expectativa em relação ao que será a agenda prioritária dos parlamentes nesse Congresso totalmente renovado. As demandas do país são enormes. Mas há um risco grande de os interesses da população serem deixados de lado por visões ideológicas atrasadas, carregadas de um conservadorismo inexplicável.

Nada, porém, poderá ser mais danoso para o andamento de projetos que têm por objetivo estimular a retomada do crescimento econômico e melhorar o sistema de segurança do que as fissuras abertas pela disputa pelo Senado. A vitória de Davi Alcolumbre para a presidência da Casa agradou o governo, mas minou as relações com o MDB do senador Renan Calheiros.

A eleição do senador pelo DEM do Amapá é vista como um sopro de renovação no Senado, que, desde a redemocratização do país, foi comandada pelo MDB — a exceção foi em 2007, quando Renan renunciou à presidência da Casa para não ser cassado. Mas todos admitem a pouca experiência de Alcolumbre para negociar temas tão polêmicos, como a reforma da Previdência Social. Essa medida é fundamental para o equilíbrio das contas públicas.

A boa notícia é que, logo em seu discurso de vitória, o novo presidente do Senado estendeu as mãos aos derrotados, especialmente a Renan, conclamando todos para a pacificação da Casa. Não se esperava outra coisa dele, uma vez que o clima de confronto que se instalou na política, com radicalizações por todos os lados, destruiu muitas pontes em direção à conciliação. Portanto, o momento exige pragmatismo, e não confronto.

Essa visão, por sinal, foi expressada pelo deputado Rodrigo Maia, também do DEM, reeleito para a presidência da Câmara dos Deputados. Ele ressaltou que governo e Congresso necessitam acertar os ponteiros em prol do país. Isso não quer dizer subserviência do Parlamento ao Executivo, mas, sim, uma forma de garantir que o Legislativo dê as respostas que a sociedade está esperando daqueles que saíram vitoriosos das urnas nas últimas eleições.

Ainda que lentamente, o país está saindo de uma das mais graves crises econômica, política e ética de sua história. Abortar essa reação será um desserviço à sociedade. A população anseia por melhores condições de vida. Os empresários querem regras mais favoráveis para ampliar seus negócios. Os investidores cobram medidas para que o Produto Interno Bruto (PIB) retome um ritmo anual de crescimento acima de 3% ao ano. Não é pedir muito.

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