O Brasil destrói o Brasil
Luiz Otavio Cavalcanti
Ex-secretário de Planejamento e Urbanismo da Prefeitura do Recife, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco e ex-secretário de Planejamento de Pernambuco.
Publicado em: 29/01/2019 03:00 Atualizado em: 29/01/2019 08:59
Sábado, de noitinha. Zapeio canais na tv. E topo com Fernando Barbosa Lima. Jornalista. Dos bons. Corajoso. E criativo. Criou o Abertura, o Cara a Cara e o Conexão Internacional. Todos na década dos 70. Enfrentando a ditadura. Também não era para menos. Filho de Barbosa Lima Sobrinho.
Mostrou tópicos de entrevistas com Tancredo, Darcy Ribeiro, Afonso Arinos, Alceu Amoroso Lima, Glauber Rocha, Tom Jobim, Nelson Rodrigues, Ziraldo.
O programa acentuava a importância da televisão no país. Não só a relevância política. Mas igualmente a culminância social. Em nação tão desigual. Não apenas como via de informação. Mas como meio de educação.
Na parte do Conexão Internacional, ele mostrou trecho da entrevista com o ator italiano, Marcelo Mastroianni. A certa altura, diz Mastroianni:
- Roma é uma cidade sedutora, perigosamente sedutora. É uma cidade úmida, que nos acolhe. Mas onde não se vive confortavelmente. Diferente de Milão. Lá, é possível viver. Em Roma, corremos risco. Olhe, a Via Veneto. Cuidado. O Vaticano. Cuidado também.
Deliciosa a entrevista. Inteligente. Destemida. Lembro que eu assistia todos esses programas na minha juventude. No Abertura, eu ficava impressionado com o brilho fluente de Glauber. Recordo a confusão que foi seu apoio ao general Golbery do Couto e Silva. Na política de distensão segura, lenta e gradual do ex presidente Geisel.
Em Conexão Internacional, me impressionou a visão humana do rosto dilacerado do piloto austríaco, Nick Lauda. Ele sofreu acidente. O carro incendiado. Ele dentro. Um horror. Conseguiu ser tirado. Com muitas queimaduras. Hoje, é diretor de corrida de uma grande escuderia.
Encerrado o programa, giro o controle para a Globonews. Ouço que o número de vítimas em Brumadinho aumentou para 14 mortos. E que, até hoje, ninguém foi incriminado em decorrência do rompimento de Mariana. E três anos se passaram.
Desliguei a tv. Levantei da cama. Olhei janela afora. O véu da noite cobria o casario de Parnamirim. Um cão ladrava ao longe. Vozes se perdiam na escuridão. O Brasil desconstrói o Brasil. Devagar. E sempre.
Mostrou tópicos de entrevistas com Tancredo, Darcy Ribeiro, Afonso Arinos, Alceu Amoroso Lima, Glauber Rocha, Tom Jobim, Nelson Rodrigues, Ziraldo.
O programa acentuava a importância da televisão no país. Não só a relevância política. Mas igualmente a culminância social. Em nação tão desigual. Não apenas como via de informação. Mas como meio de educação.
Na parte do Conexão Internacional, ele mostrou trecho da entrevista com o ator italiano, Marcelo Mastroianni. A certa altura, diz Mastroianni:
- Roma é uma cidade sedutora, perigosamente sedutora. É uma cidade úmida, que nos acolhe. Mas onde não se vive confortavelmente. Diferente de Milão. Lá, é possível viver. Em Roma, corremos risco. Olhe, a Via Veneto. Cuidado. O Vaticano. Cuidado também.
Deliciosa a entrevista. Inteligente. Destemida. Lembro que eu assistia todos esses programas na minha juventude. No Abertura, eu ficava impressionado com o brilho fluente de Glauber. Recordo a confusão que foi seu apoio ao general Golbery do Couto e Silva. Na política de distensão segura, lenta e gradual do ex presidente Geisel.
Em Conexão Internacional, me impressionou a visão humana do rosto dilacerado do piloto austríaco, Nick Lauda. Ele sofreu acidente. O carro incendiado. Ele dentro. Um horror. Conseguiu ser tirado. Com muitas queimaduras. Hoje, é diretor de corrida de uma grande escuderia.
Encerrado o programa, giro o controle para a Globonews. Ouço que o número de vítimas em Brumadinho aumentou para 14 mortos. E que, até hoje, ninguém foi incriminado em decorrência do rompimento de Mariana. E três anos se passaram.
Desliguei a tv. Levantei da cama. Olhei janela afora. O véu da noite cobria o casario de Parnamirim. Um cão ladrava ao longe. Vozes se perdiam na escuridão. O Brasil desconstrói o Brasil. Devagar. E sempre.