Luta de classes: um conflito sem fim

João Paulo Siqueira
Professor, mestre em Consumo e Desenvolvimento Social, doutorando em Direito Civil e membro

Publicado em: 28/01/2019 03:00 Atualizado em: 28/01/2019 08:43

O Manifesto Comunista, escrito por Karl Marx e Friedrich Engels, expõe a ideia que a história das sociedades é representada, embasada e impulsionada pela luta de classes, perspectiva também explicitada sobretudo nos manuscritos do Capital, obra singular de Marx. E a nossa dinâmica e dialética realidade social nos confirma esse entendimento.

Evidente que o transcorrer da história nos indica que os conflitos e contradições são distintos ao longo do tempo, assim como os grupos sociais também são diversos, a depender do local e do momento histórico. Patrícios e plebeus, servos e senhores, escravos e aristocratas, burguesia e proletários, imperialistas e colonizados, monarcas e súditos, machistas e feministas, corporações e trabalhadores, azuis e vermelhos, enfim, sob diversas possibilidades, seja por imposição física, econômica ou ideológica, os conflitos de interesses estão presentes de maneira significativa e atuam de forma contundente em nossa construção social e histórica.

Trazendo o foco da reflexão para nossa contemporaneidade, parece que um relevante embate que vigora hoje no Brasil é o confronto entre Estado e cidadãos, pois nossos entes governamentais não agem de maneira justa, eficiente e prudente na missão de gerir o bem público.

Não me refiro somente aos escabrosos e angustiantes casos de corrupção em seus mais abrangentes e variados aspectos e níveis, trato principalmente da falta da contraprestação estatal diante das necessidades do povo. De maneira ampla, os serviços públicos em nosso país são precários e decadentes, não por falta de recursos, mas sim pelo histórico descaso e falta de compromisso com a população.

Parece haver um confronto de confiança, respeito e credibilidade entre a sociedade e seus governantes, sobretudo a imensa parcela da população que clama por direitos básicos, por oportunidades e perspectivas, pois os direitos, prerrogativas e benefícios da classe privilegiada estão preservados e são crescentes.

Não me proponho a tratar especificamente de nenhum governo ou partido, mas utilizo o generalismo sem receio, pois não vejo nenhum político que se apresente como um estadista capaz de romper esse conflito e trazer a esperança de efetivas melhoras institucionais, políticas, econômicas e principalmente sociais.

É preciso que nós, como membros de uma sociedade política organizada, estejamos atentos a essa questão, e exerçamos de maneira ativa e efetiva nossa prerrogativa de poder, poder de escolha, de fiscalização e de cobrança da classe política, principalmente neste momento de início dos mandatos dos poderes executivo e legislativo, pois somente assim esse conflito pode ser amenizado e tomar rumos menos tormentosos e dilemáticos.

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