Editorial Estímulo econômico

Publicado em: 25/01/2019 03:00 Atualizado em: 25/01/2019 08:43

Duas boas-novas na economia devem servir de estímulo para que a equipe econômica, comandada pelo ministro Paulo Guedes, apresse as medidas indispensáveis para recolocar o Brasil em patamares de crescimento condizentes com as suas potencialidades. A criação de mais de 500 mil postos de trabalho com carteira assinada no ano passado, em comparação com 2017 - ainda que o número possa ser considerado baixo pelos pessimistas de sempre, diante de uma massa de desempregados de mais de 12 milhões de pessoas, mostra que o mercado está reagindo positivamente.

Além disso, o bom desempenho da arrecadação de impostos pelo governo federal, de R$ 1,457 trilhão, a maior desde de 2014 — a partir daí o país enfrentou dois anos de uma das piores recessões de sua história —, demonstra as possibilidades reais da retomada das atividades econômicas. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram divulgados pelo Ministério da Fazenda e os de recolhimento de tributos e contribuições federais pela Receita Federal, que espera um desempenho melhor este ano, com o aquecimento da economia.

O novo governo vem se comprometendo, em várias oportunidades, com as reformas, como a da Previdência, ciente de que somente com a implementação delas será possível melhorar os índices tornados públicos nos últimos dias. Com isso, poderá atacar sem subterfúgios dois dos maiores problemas atuais — a taxa de desemprego elevadíssima e o gigantesco deficit público, cuja previsão para este ano gira em torno de R$ 139 bilhões. O certo é de que não haverá crescimento sustentável sem o equilíbrio das contas públicas e a volta do pleno emprego, proporcionando à população condições de uma vida digna.

Desde 2013, quando foram criadas 1,138 milhão de vagas no mercado formal de trabalho, o Brasil não apresentava resultado tão satisfatório, o que provoca reflexos em toda a cadeia produtiva, pois mais consumidores estão aptos a adquirir bens produzidos pelo setor industrial. As estatísticas mostram que em 2015, início da estagnação econômica, foram fechadas 1,534 milhão de vagas formais. No ano seguinte, a perda de empregos com carteira assinada caiu um pouco, para 1,326 milhão. Em 2017, quando se iniciou a recuperação da economia, houve retração de apenas 11.964 postos de trabalho.

Os melhores desempenhos foram do setor de serviços, que gerou 398.603 empregos formais, e do comércio, que abriu 102.007 vagas com carteira assinada em 2018. Em seguida, vem a construção civil, com somente 17.957 novos contratados, índice considerado bastante baixo para um país que busca taxas maiores de crescimento. Também tiveram saldo positivo a agropecuária, indústria de transformação e extrativa mineral.

Os agentes econômicos esperam que esses índices possam ser bem melhores a partir do momento em que as autoridades começarem a fazer as reformas estruturais, que têm de avançar, sem protelações, depois do equacionamento da questão previdenciária. A confiança dos investidores, tanto internos quanto externos, só será plenamente restabelecida quando o Brasil remover os históricos entraves e barreiras que inibem a expansão econômica.

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