Editorial A importância do esporte

Publicado em: 14/01/2019 03:00 Atualizado em: 14/01/2019 08:37

A primeira vez em que o esporte foi colocado sob a tutela do estado no Brasil o presidente era Getúlio Vargas. Em 1937, foi criada a Divisão de Educação Física, ligada ao Ministério da Educação e Cultura (MEC) e os diretores eram cinco militares e um professor. Em 1970, a divisão foi transformada em Departamento de Educação Física e Desporto, sob o comando de dois coronéis, e em 1978 passou a ser designada Secretaria de Educação Física e Desporto, ainda relacionada ao MEC.

No governo Collor, a secretaria foi extinta e criada a Secretaria de Desportos da Presidência da República. Depois de voltar ao MEC com a saída de Collor, em 1995 foi criado o Ministério Extraordinário do Esporte pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, que nomeou Pelé como ministro. No seu segundo mandato, FHC criou o Ministério do Esporte e Turismo.

Em 2003, Lula separou as pastas e criou o Ministério do Esporte. Quatro anos depois, o Brasil foi escolhido para sediar a Copa do Mundo’2014 e, em 2009, o Rio foi anunciado como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.

No governo Bolsonaro, que acaba de se iniciar, o esporte voltou a ser secretaria, ligada agora ao Ministério da Cidadania. Sem entrar no mérito do status dado à área, se secretaria ou ministério, o importante é que o governo tenha clara a importância do esporte para o país. Tanto o de alto rendimento – que depende muito da ajuda governamental – quanto o esporte de base, que tem alto grau de relevância social, sendo fundamental para a formação de novos atletas, e, principalmente, como atividade complementar para as crianças de famílias de baixa renda, além de ser importante também no combate ao uso de drogas.

É bom lembrar também que as modalidades esportivas de ponta no Brasil têm como principais patrocinadores órgãos federais – o Banco do Brasil patrocina as equipes de vôlei e handebol; os Correios, a natação; a Caixa o atletismo e a ginástica, por exemplo. Apesar da sinalização do governo Bolsonaro de que iria retirar, ou diminuir, o patrocínio da Caixa aos clubes de futebol, o dinheiro para as modalidades citadas, entre outras, significa a própria sobrevivência. Para o governo pode ser considerado um investimento, não uma propaganda, e, por isso, tem a obrigação de fiscalizar o que é feito com as verbas pelas confederações, responsáveis por administrá-las, para que não haja desvios.

O discurso do ministro Osmar Terra em sua posse foi correto. “A fusão dos ministérios não vai tirar a força que cada pasta tem. Estamos mantendo as estruturas básicas para que não ocorra redução de atividades e para fortalecê-las com a integração (...) Vamos privilegiar os esportes de base para garantir um número maior de atletas e descobrir talentos”. Só o tempo dirá se discurso e prática serão os mesmos. Estão sob seu comando também as secretarias do Desenvolvimento Social e da Cultura.

A secretaria é coordenada pelo general Marco Aurélio Vieira, que como militar sabe bem a importância do esporte na vida das pessoas e terá a missão de transformar o ‘legado’ esportivo deixado pela Olimpíada no Rio realmente em legado. O general foi diretor-executivo de Operações dos Jogos’2016. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, para cada dólar investido no esporte são economizados três dólares na saúde pública.

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