Editorial Rumo ao protagonismo

Publicado em: 04/01/2019 03:00 Atualizado em: 04/01/2019 08:41

Jair Bolsonaro assumiu o governo em 1º de janeiro não apenas com a missão de retomar o crescimento econômico sustentado. Terá de reinserir o Brasil no grupo das nações mais importantes do planeta. É inaceitável que o país, uma das 10 maiores economia do mundo, esteja fora dos grandes círculos de decisões. O protagonismo que se tentou no governo de Luiz Inácio Lula da Silva se perdeu no contexto da gravíssima recessão que corroeu mais de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2015 e 2016.

A missão é gigantesca. O Brasil está distante dos grandes fluxos dinâmicos da economia e do comércio exterior. Sua voz no contexto internacional minguou. Do ponto de vista político, foi solapado pela onda de corrupção que varreu do mapa líderes vistos, até então, como referências de progresso. Do ponto de vista econômico, ressente-se do isolamento. O nível de abertura do país é semelhante ao observado nos anos de 1960.

O Brasil paga o preço de escolhas erradas. Lições, portanto, não faltam para que o futuro presidente não cometa os mesmos equívocos. No comércio exterior, o país ficou de fora das grandes negociações para incrementar exportações e importações. Está completamente atrasado em inovação e tecnologia. Perdeu a influência e vem crescendo muito abaixo da média mundial, quadro que se perpetua desde os anos de 1980.

Não custa lembrar que, entre 1950 e 1980, o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo – um avanço médio anual de 7,4%. Desde então, virou um celeiro de crises econômicas política e de promessas não cumpridas. No início dos anos 2000, com a inflação sob controle e um processo claro de distribuição de renda, criou-se a sensação de que o tão propalado protagonismo havia chegado. O Brasil entrou na moda e se tornou referência.

Tudo, mais uma vez, não passou de um espasmo de esperança. A ideologia entrou em cena e o que poderia ser um salto no desenvolvimento revelou-se um castelo de areia. Espera-se que esse filme nada animador não se repita com o governo que chega embalado pelo otimismo. O país precisa ser guiado pelo pragmatismo. Necessita se abrir mais para o mundo como parte da estratégia de integração global.

Isso passa pela redefinição de suas relações com os Estados Unidos, com a China, com a Europa e com os países de seu entorno geográfico, sobretudo os que integram o Mercosul. Não se trata de alinhamentos automáticos ou de subserviência. É preciso uma postura madura e eficiente, que preserve acordos importantes, com os fechados na área de meio ambiente, segmento no qual ainda é referência. A hora é de olhar para frente, não de ficar os dois pés no atraso por demagogia. O país não merece isso. 

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