Figueira, imortal por ação

Silvio Amorim
Advogado e presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano - IAHGP

Publicado em: 02/01/2019 03:00 Atualizado em: 02/01/2019 09:32

A imortalidade não se faz no bronze, no máximo um registro. A imortalidade acontece com ações humanas que transcendem ao tempo e que se perpetuam quando se multiplicam. Que sirvam de exemplo aos médicos que chegam os bens aventurados idealistas, animais em extinção: Fernando Figueira, Amaury de Medeiros, Ulysses Pernambucano, Valdemar de Oliveira, Orlando Pharaim, Octavio de Freitas, Djair Brindeiro, dentistas Edrizio Pinto e Adolfo Cabral, Gumercindo Amorim, Júlio Oliveira, José Nivaldo, Bertoldo Kruse, Antonio Pereira, Reinaldo de Oliveira, Enio Cantarelli...

O professor Fernando Figueira, fundou o Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco – Imip, em 1960 e não tem seu sobrenome por acaso. Sua árvore protege e seu fruto alimenta. Recifense de 1919, formou-se médico dedicando-se à criança, à gestante e à área médico-social voltada à assistência aos mais carentes. Catedrático em Pediatria na Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador, efetivamente ensinou, fez pesquisa e praticou a extensão de forma ousada, fazendo assistência médico-social. O resultado do seu dedicado trabalho no IMIP é sentido hoje, seja na diminuição da mortalidade infantil, na permanente recomendação do aleitamento materno, nas campanhas de vacinação ou em milhões de ações médicas que salvaram vidas, recuperaram e corrigiram físicos, diminuíram dores do corpo e aliviaram almas.

Em 4 de fevereiro deste ano de 2019, comemora-se os 100 anos do mestre Fernando Figueira. Sua história tem que ser sempre contada e recontada. Através dos bons exemplos se forma uma sociedade justa e solidaria e nesse caso ele é ícone.

Ampliando sua “copa”, fez renascer o Hospital D. Pedro II, agonizando há anos, uma ferida aberta que, além da falta que fazia, nos deixava cabisbaixos, menores. Foi recuperado em uma histórica e exemplar mobilização de todos os setores da sociedade pernambucana. O hospital foi reinaugurado nas comemorações dos seus 100 anos de fundação na presença de Dom João de Orleans e Bragança, de Paraty, tetraneto do Imperador que inaugurou e deu nome ao hospital.

Ouvi do Dr. Fernando Figueira, em permanente pregação a favor da causa, motivo maior da sua vida, de forma incisiva: “Enquanto houver, em minha terra, uma criança ameaçada de perder o que ela tem de mais sagrado – a sua própria vida – haveis de encontrar em mim um homem torturado.” Disse ainda, “há uma certeza em minha vida tão cheia de dúvidas e inquietações: a de que a força do mundo está nas crianças”. Quanta sabedoria encerrada em uma frase. Quer um mundo melhor? Simples, cuida bem das crianças.

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