Jorge Amado volta às estantes com Josélia
Raimundo Carrero
Escritor e jornalista
Publicado em: 31/12/2018 03:00 Atualizado em: 29/12/2018 06:04
Jorge Amado temia não ser mais lido 20 anos depois da sua morte. A revelação é da escritora Josélia Aguiar no livro Jorge Amado: Uma Biografia, que a editora Companhia das Letras que entregou os leitores no final do mês de novembro. Algo inusitado e inquietante porque Jorge sempre foi um dos escritores mais lidos no Brasil e, de alguma forma, no mundo, até com sucessivas edições clandestinas.
Mas este é um dos grandes temores dos escritores porque o leitor é sempre um enigma em qualquer situação, mesmo quando se torna uma febre e tem fila de compras nas livrarias. Ainda assim, Ariano Suassuna me revelou em várias ocasiões que ficaria contente se tivesse apenas Dona Zélia como leitora.
Josélia faz um trabalho de gigante, não só pelo volume de informações que apresenta, mas, sobretudo, pelo estilo leve, saudável, encantador, muitas vezes lembrando o próprio biografado, com um estilo rico, em que rejeita a adjetivação bruxuleante – como se costuma dizer –, mas não perde o brilho das frases, claras e saudáveis, a enriquecer o texto em situações às vezes desfavoráveis.
Ela não se deixa vencer e a frase reluz sem trair nem o personagem nem o episódio. Em biografia é assim: não se pode escrever sobre Jorge Amado com um estilo à Graciliano Ramos, assim como não se pode escrever sobre Jorge Amado com o estilo de Jorge Amado. É preciso evitar o risco, o grande risco. Josélia Aguiar soube fazer isso muito bem. Em alguns momentos aproximou a lente, mas, com habilidade criou seu próprio estilo. Venceu a batalha e escreveu um livro magnífico..
Pode-se dizer que Jorge Amado – que conheci pessoalmente aqui no Recife, em casa de Paulo Loureiro e o entrevistei para este DP – teve uma vida rica, muito rica, com muitos episódios, prisões, fugas, livros, amores e amizades intelectuais, mas isso tudo nas mãos de um escritor qualquer corre o risco de se transformar num amontoado de informações sem grandeza e sem qualidade, um estrupício biográfico.
Enfim, o leitor de Jorge Amado pode correr à livraria ou à internet, com a certeza de que vai encontra-lo inteiro nesta biografia da escritora baiana que honrou seu personagem em cada palavra, em cada cena, em cada situação. Aliás, uma biografia que fazia falta à bibliografia da literatura brasileira.
Mas este é um dos grandes temores dos escritores porque o leitor é sempre um enigma em qualquer situação, mesmo quando se torna uma febre e tem fila de compras nas livrarias. Ainda assim, Ariano Suassuna me revelou em várias ocasiões que ficaria contente se tivesse apenas Dona Zélia como leitora.
Josélia faz um trabalho de gigante, não só pelo volume de informações que apresenta, mas, sobretudo, pelo estilo leve, saudável, encantador, muitas vezes lembrando o próprio biografado, com um estilo rico, em que rejeita a adjetivação bruxuleante – como se costuma dizer –, mas não perde o brilho das frases, claras e saudáveis, a enriquecer o texto em situações às vezes desfavoráveis.
Ela não se deixa vencer e a frase reluz sem trair nem o personagem nem o episódio. Em biografia é assim: não se pode escrever sobre Jorge Amado com um estilo à Graciliano Ramos, assim como não se pode escrever sobre Jorge Amado com o estilo de Jorge Amado. É preciso evitar o risco, o grande risco. Josélia Aguiar soube fazer isso muito bem. Em alguns momentos aproximou a lente, mas, com habilidade criou seu próprio estilo. Venceu a batalha e escreveu um livro magnífico..
Pode-se dizer que Jorge Amado – que conheci pessoalmente aqui no Recife, em casa de Paulo Loureiro e o entrevistei para este DP – teve uma vida rica, muito rica, com muitos episódios, prisões, fugas, livros, amores e amizades intelectuais, mas isso tudo nas mãos de um escritor qualquer corre o risco de se transformar num amontoado de informações sem grandeza e sem qualidade, um estrupício biográfico.
Enfim, o leitor de Jorge Amado pode correr à livraria ou à internet, com a certeza de que vai encontra-lo inteiro nesta biografia da escritora baiana que honrou seu personagem em cada palavra, em cada cena, em cada situação. Aliás, uma biografia que fazia falta à bibliografia da literatura brasileira.