Editorial Agricultura do futuro

Publicado em: 28/12/2018 03:00 Atualizado em: 28/12/2018 09:49

O Brasil está entrando, embora ainda timidamente, no rol dos países que vêm usando de forma intensiva os defensivos biológicos para o controle de pragas e doenças na agricultura. O uso desse tipo de tecnologia para o combate às pragas que devastam plantações inteiras, causando prejuízos bilionários, vem sendo priorizado, em detrimento dos agentes químicos, apontados por muitos ambientalistas como prejudiciais à saúde dos seres humanos. Não são poucos, hoje, os que acusam os defensivos químicos como responsáveis por doenças como o câncer, de grande letalidade, que consome bilhões de reais do sistema de saúde pública.

Como a agricultura brasileira é uma das mais importantes e competitivas do mundo, a expectativa é de que a utilização dos controles biológicos aumente, consideravelmente, nos próximos anos, e atinja níveis bem maiores dos que os atuais, como acontece na Europa, onde eles já representam entre 14% e 16% do mercado, e os Estados Unidos, em torno de 6%. Fatores como a demanda por alimentos com menor teor de resíduos químicos, além do próprio desequilíbrio provocado pela resistência das pragas aos ativos químicos, exigem um manejo mais sustentável, o que torna bastante promissor o futuro do segmento de defensivos biológicos, nas próximas décadas.

O crescimento das vendas de produtos biológicos para controle de pragas, no ano passado, foi de 13% no país. Entre os fabricantes estão indústrias de todos os portes e perfis societários nacionais e internacionais. O aumento da procura por alimentos sem agrotóxico, que vêm ganhando espaço nas gôndolas dos supermercados, tem atraído, cada vez mais, o interesse de empresas do setor agroquímico, incluindo os grandes grupos internacionais, o que demonstra a grandeza e as possibilidades de expansão desse mercado.

Pesquisa recentemente divulgada pela Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABC Bio) mostra que 10 milhões de hectares da agricultura brasileira são tratados com biodefensivos. O manejo desses produtos ainda não é conhecido por 57% dos produtores rurais. Mesmo assim, 39% dos agricultores brasileiros utilizam produtos biológicos em alguma área de plantio de suas lavouras. O interessante é que a aceitação desse método como importante arma para controle de pragas e doenças nas plantações é praticamente total entre os que o utilizam. Dos produtores entrevistados, 98% que usaram defensivos biológicos, na safra 2017/2018, disseram que pretendem usá-la na próxima safra.

A aposta de quem desenvolve estudos na área de biodefensivos é de que sua utilização se dará paralelamente aos produtos convencionais e de forma harmônica. O certo é que, para manter seu alto índice de produtividade, a agricultura brasileira não poderá abrir mão dos defensivos químicos, mas o incremento dos biológicos poderá contribuir em muito para uma melhor performance desse importante setor da economia nacional.

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