Fim de quê? Ano!

Gustavo Figueirêdo
Especialista em Saúde Mental e Psicólogo Clínico

Publicado em: 24/12/2018 03:00 Atualizado em: 22/12/2018 22:04

É comum, nesta época do ano, as pessoas ficarem mais exaltadas. Transparecendo não ser mais o fim de um ano. E sim, a sensação do fim do mundo; de algo que perde o controle. Como se faltassem poucos segundos para concluir as pendências da vida. Levando, muitos, ao ápice de uma ansiedade extremada.

“A cronologia (do grego chronos, tempo, + logos, estudo) é a ciência cuja finalidade é datar acontecimentos históricos, os descrevendo e agrupando numa sequência lógica. Esta disciplina insere-se numa ciência maior, que é História... Durante muitas décadas, o tempo do historiador foi reduzido à cronologia, ou seja, o fundamentalismo era datar os tempos em dias, meses, anos, décadas e séculos estabelecendo uma noção de tempo puramente cronológica.”.

Como discorre a citação: “... agrupando numa sequência lógica.”. No entanto, como administrar aquilo que seja da ordem lógica, com o que não seja lógico ou determinado? Sabemos conscientemente, na nossa cultura, quando termina o ano. Sempre no dia 31 de dezembro de cada ano vigente. Mas, e nós seres humanos, como entender o nosso tempo? Tempo esse que não caminha, muitas vezes, com o tempo cronológico.

Para os que não sabem, o nosso tempo é o Kairós. Falo aqui no nosso tempo emocional ou psíquico. “Kairós (em grego: καιρ%u03CCς, ‘o momento oportuno’, ‘certo’ ou ‘supremo’), na mitologia grega, é o deus do tempo oportuno... O termo é usado também em teologia para descrever a forma qualitativa do tempo, como o ‘tempo de Deus’ (a eternidade),...”.

Assim como a luz representada pela vela, velando a passagem à eternidade; assim como a luz anunciando o Natal e dando brilho a Cerimônia. Assim o sinal, do tempo certo, das conquistas a realizar. Mas, esse (o sinal) se vier acompanhado de ansiedade, passará sem ser realizado.

Geralmente, traçamos objetivos na vida para ser conquistados. Algo, certamente, cultural. Ok! E quando não conseguimos atingir o objetivo daquilo que foi traçado? Neste caso, muitas vezes, quem toma posse da conquista é a frustração. Dependendo com quem seja. Mas, por que isso acontece? Acontece porque cada ser humano existe, em si, o seu tempo – oportuno - de conquistar os objetivos desejados na vida.

Por isso que o tempo cronológico, costumeiramente, não anda de mãos dadas com o kairós. Porque o primeiro é determinado; e o segundo, sendo indeterminado ou até inexistente.

Por fim, caro leitor, eis a questão! Que tal voltar o olhar, através da auto-observação, para o seu tempo emocional ou kairós? Para que não seja proporcionado, a você, o ápice de uma ansiedade extremada. E sim, galgando um Natal e uma Passagem de Ano em Excelência.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.