Por favor, agora fiquem de pé e aplaudam Luzilá Gonçalves

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista

Publicado em: 10/12/2018 03:00 Atualizado em: 09/12/2018 20:42

A notícia não podia ser mais feliz: a escritora  Luzilá Gonçalves Ferreira, a nossa Luzilá, simplesmente, está lançando um novo romance. Chama- se Um murmúrio de rosas e revolve a psicologia de personagens que frequentam a nossa história, sem o compromisso de registros e documentos, mas com a determinação de questionar o ser humano naquilo que ele tem de mais íntimo, mais escondido, a lhes inquietar os dias, a provocar gemidos e gritos secretos.

Claro que a HIstória está viva, vivíssima, neste livro, mas o que se mostra com muita força e muita inquietação é a condição humana com suas virtudes e os seus pecados, ai, os pecados, aqueles todos que formam o tormento do Ser. De propósito não chamo de condição humana ou de natureza humana, quero ir mais além, e aí reside a força de Um murmúrio de rosas, o tormento humano, a dor de estar no mundo e de conviver com os seus conflitos.

Anna, esta incrível personagem que se debate com os nomes dos pecados, atravessa as páginas com sua personalidade forte e inquieta, com a determinação de uma mulher, não apenas de uma figura histórica, lá no seu canto calada esperando por um cronista. Sobretudo desses cronistas que anotam nomes, cenas, episódios, mas esquecem do peito em chamas. Claro que se deve falar dos episódios, dos acontecimentos, dos registros, daquilo que orgulha nossa gente e que formam o caráter do povo. Mas Anna eatá ali sobretudo como mulher, mulher ansiosa, inquieta, até se transformar na bela  Anna que amamos que nos faz pobres pedintes em busca de abraços e de beijos. Afinal, tristes leitores, também sofremos do tormento humano. Venha a nós esta Anna que, reparem, nem sabe o nome dos pecados, reitero,  porque nos condenam a ações pecaminosas. Vejam: Agora, entretanto, que o corpo e a alma pareciam se desentender, se questionar, via surgir, em algum lugar da mente, pensamentos com nomes, que gostaria de apagar. Anna viva e eterna. Personagem e não apenas um nome no papel.

A partir deste livro, Anna deixa de ser apenas um registro histórico para se transformar numa mulher extremamente representativa de nossas guerreiras, com suas lutas, suas bravuras, sua garras. Quem sabe nossa querida Cida Pedrosa possa homenageá-la num poema e que Fabiana Pirro possa levá-la ao palco, transformadora e bela.

Agora, senhoras e senhores: Por favor, fiquem de pé e aplaudam Luzilá Gonçalves Ferreira.

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