O julgamento de Cláudio Amaro

Moacir Veloso
Advogado

Publicado em: 07/12/2018 03:00 Atualizado em: 07/12/2018 14:06

Na próxima segunda-feira, será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri da Comarca de Jaboatão dos Guararapes, o médico Cláudio Amaro Gomes, acusado de ser o autor intelectual do homicídio do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira, ocorrido no dia 12 de junho de 2014 em Jaboatão dos Guararapes, neste estado. O dr. Cláudio está preso preventivamente há quatro anos. Durante todo o transcorrer do processo criminal, até a presente data, não foram produzidas provas de qualquer natureza que atestassem a efetiva participação do acusado como idealizador e mandante do hediondo e bárbaro crime do qual foi vitima o dr. Artur Eugênio. Esse fato criminoso teve intensa repercussão na sociedade pernambucana, que, em termos de opinião pública, se posicionou favorável à condenação do médico. Nada mais injusto e por sua vez hediondo, do que levar-se um inocente a cumprir uma pena privativa de liberdade severa, sem que existam os elementos comprobatórios indispensáveis a um veredicto que obedeça aos ditames da lei. Cláudio Amaro Gomes terá o seu destino definido pelo Conselho de Sentença, composto de sete jurados, que serão escolhidos através de sorteio dentre os 25 que compõem o total dos Juízes de Fato. Esse julgamento terá características especialíssimas. É que o sr. Cláudio Amaro Gomes Junior, filho do acusado, já foi julgado como coautor e condenado à pena de 34 anos de reclusão. Está preso. Ocorreu que, no dia 18 de outubro passado, Claudio Junior, através de uma Escritura Pública de Declaração, assumiu toda a responsabilidade sobre a morte do dr. Artur Eugênio. Eis, em síntese, o que disse ele: que foi preso e recolhido ao Complexo Prisional Anibal Bruno, cumprindo pena de 34 (trinta e quatro) anos e 4 (quatro) meses de reclusão em Regime Fechado, por sentença decorrente de decisão do Tribunal do Júri de Jaboatão dos Guararapes; declarando que o homicídio do dr. Artur Eugênio foi planejado e executado por mim Declarante e alguns companheiros, sem que o meu genitor tivesse qualquer participação, sendo profundamente injusto que o meu pai responda por um crime para o qual não concorreu, e, mesmo assim, acha-se encarcerado e será submetido a julgamento. Clama, assim o declarante à opinião pública que leve em consideração a presente confissão espontânea, que corresponde rigorosamente à verdade fática, sendo profundamente injusto que um inocente possa eventualmente ser considerado culpado por um crime que não cometeu e para o qual não concorreu. Enquanto isso, o dr. Cláudio Amaro segue inocente e martirizado pela privação de sua liberdade há mais de quatro anos. Sua saúde deteriorou-se, tornando-o um homem doente em todos os sentidos. Fisicamente em condições deletérias, e moralmente destruído pela cruel prevenção que se instalou em relação à sua pessoa. É preciso que toda a comunidade pernambucana avalie com cautela, o juízo que já se formou em torno da culpabilidade do dr. Cláudio Amaro. Excelente profissional, estimadíssimo pelos colegas, um humanista por excelência, com relevantes serviços prestados à medicina do estado, não pode e nem deve ser culpado por um crime que não cometeu. E o mais grave: ausência de provas que autorizem a sua condenação. Tudo isso será demonstrado no seu julgamento. Por oportuno, os signatários têm irrestrita confiança no Tribunal do Júri de Jaboatão. O destino do doutor Cláudio Amaro Gomes está nas mãos desses cidadãos de bem que terão a dificílima missão de julgar um seu semelhante.

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