Editorial Erradicar a pobreza

Publicado em: 07/12/2018 03:00 Atualizado em: 07/12/2018 14:07

Somente com a volta do crescimento econômico sustentável o Brasil conseguirá reverter o vergonhoso quadro em que um quarto da população vive em situação de pobreza, realidade lamentável que não pode perdurar e tem de ser revertida a todo custo. Ano passado, o país tinha 54,8 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza estipulada pelo Banco Mundial, que considera como pobre quem tem rendimento de até R$ 406 por mês. O que mais assusta é que, de 2016 a 2017, mais 2 milhões de brasileiros passaram a sobreviver em tais condições, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse retrocesso, depois de anos de aumento da renda da população, tem como causa primeira a pior recessão vivenciada pelo país e que deixou marcas profundas, em consequência da irresponsabilidade fiscal dos últimos governos capitaneados pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A estagnação da economia foi deixada para trás, mas a pobreza, em caminho inverso, não parou de aumentar.

A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, recentemente divulgada, indica que para reverter situação tão vexatória seria necessário investimento mensal de R$ 10,2 bilhões, ou R$ 187 mensais por pessoa. Por ano, esse valor é o equivalente a R$ 122,4 bilhões, o que corresponde a cerca de quatro vezes o orçamento do Bolsa Família. Pelos dados do instituto, no ano passado, 26,5% da população estava abaixo da linha da pobreza estipulada pelo Banco Mundial. Em 2016, esse percentual era de 25,7%, o que corresponde a 52,8 milhões de cidadãos.

No ranking dos estados, Minas Gerais (20,9% da população, ou seja, 4,4 milhões de pessoas na pobreza) se encontravam em situação dramática, à frente, em relação a habitantes, do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás, além do Distrito Federal. A Região Nordeste tem a maior concentração de pobres do Brasil. São 25,6 milhões de nordestinos — a metade do total nacional — vivendo com menos de R$ 406 por mês. Na outra ponta, está a região Sul, com apenas 12,8% da população em condições precárias.

O preocupante é que a mudança no quadro da pobreza atingiu todas as faixas de rendimento, mesmo a erradicação desse grande mal estando presente, há anos, em todas as políticas públicas no Brasil, além de ser um dos temas centrais da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, na penúria fiscal em que o país se encontra, de onde tirar R$ 122,4 bilhões ao ano para resgatar um quarto da população da pobreza? A previsão do rombo nas contas públicas, em 2019, é de R$ 139 bilhões.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.