Livros de presente, muitos, muitos, muitos livros

Raimundo Carrero
Escritor e jornalista

Publicado em: 03/12/2018 03:00 Atualizado em: 03/12/2018 12:44

Desde menino aprendi que o melhor presente é um livro. Costumo dizer que quando nasci pedi leite, me deram um livro. Meu irmão mais velho, Francisco, me deixou como herança uma biblioteca, pequena, é claro, mas muito rica onde li Ibsen, Bernard Show, os gregos  e os grandes do teatro. Por isso na adolescência imaginei que seria teatrólogo. Ou, quem sabe, diretor de teatro.  Minha vida era um palco iluminado. Escreveria somente para o teatro, e comecei aí, escrevendo, escrevendo..

Tinha cinco irmãs- geniais, devo tudo a elas - e todas, todas liam muito, compravam livros e revistas. Havia livros em todos os lugares da casa, sobretudo na sala de jantar, com mesas grandes, sempre cheias de convidados. Minhas irmãs e amigas liam de pé, na mesa, e eu brincava embaixo da mesa.  Liam e comentavam, faziam elogios, discutiam personagens.

Em 1963, um ano depois de sair do Colégio Salesiano, estudava no Arquidiocesano e escrevi uma peça A Revolta de Paulinho que ensaiei e preparei com um grupo que criei no colégio, com ajuda do meu amigo José Araújo Neto. Depois integramos juntos o conjunto Os Tártaros, com Djilson Walter e Fred.

Em 1971 escrevi uma peça chamada Anticrime, encenada no teatro do Parque durante 15 dias pela companhia Otto Prado, com grande elenco e música do meu irmão Felipe, que não está mais entre nós, infelizmente.

Sou muito convidado para palestras em colégios e os pais me fazem a primeira pergunta: que é que eu faço para o meu filho ler? Respondo com outra pergunta: em sua casa tem livros; não, não. Continuo: ler  textos para os seus filhos? não, leio; e poemas? Não, não perco meu tempo com besteiras. Mas quer que os seus filhos  leiam, e que eu tenha uma receita para isso. Muito bem, leia e mostre isso em casa.

Não é uma questão de ensinar aos pais. Todos sabem, e sabem muito. A questão aqui, agora, é mostrar que o mundo contemporâneo não pode viver sem livros. Sobretudo neste momento em que as grandes editoras vivem uma grande crise. É preciso comprar livros e presentear com livros. As casas precisam ter livros em todas as cadeiras. Nas mesas. E até no banheiro, se for o caso.

É claro que haverá o e-book por aí, mas e-book não é livro, é e-book. Nossos livros ainda povoarão o mundo durante muito tempo, com certeza. E as estantes devem estar cheias e os nossos olhos ocupados. Mesmo que os meus olhos não estejam bem.

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