Editorial Brasil avança na batalha contra a Aids

Publicado em: 29/11/2018 03:00 Atualizado em: 29/11/2018 11:44

O Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, chega com boas notícias. O Brasil conseguiu reduzir em 16% o número de detecções de Aids nos últimos seis anos, segundo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. De 1980 a junho de 2018, o país registrou 926.742 casos, uma média de 40 mil novas ocorrências por ano. Mas os números vêm regredindo. Em 2013, foram 43.269 e, em 2017, 37.791. Em 2012, a taxa era de 21,7 casos em 100 mil habitantes e caiu para 18,3 em 2017. A mortalidade pelo HIV diminuiu 16,5%, passando de 5,7 mortes, em 2014, para 4,8 em 2017. O bom resultado reflete a evolução da política pública, que ampliou o acesso aos testes e encurtou o tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.

Entre 2007 e 2017, o país registrou queda de 43% na transmissão do vírus ao bebê durante a gestação — passou de 3,5 casos para 2 em cada 100 mil habitantes. Esse é um dos reflexos do trabalho da Rede Cegonha que, por meio de testes, identificou precocemente os casos em gestantes. No ano passado, a taxa de deteccção foi 2,8 casos em 100 mil pessoas. Nos últimos sete anos, a infecção de crianças expostas aos vírus caiu 56%, após 18 meses de acompanhamento.

Os dados mais recentes mostram que, das novas infecções pelo HIV, 73% são em indivíduos do sexo masculino, na faixa entre 15 e 39 anos. A partir de 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) vai distribuir o autoteste para detecção do vírus, hoje vendido pelas farmácias. Na embalagem, haverá um número 0800, que permitirá ao usuário ligar para o fabricante e sanar as dúvidas. O serviço funcionará 24 horas durante toda a semana. Quanto antes a pessoa detectar a infecção e buscar tratamento — totamente gratuito no país — mas chances ela tem de carga viral e ter uma vida absolutamente normal.

De acordo com os especialistas, o maior problema ainda é o preconceito que há em relação aos infectados pelo HIV. Outra falha é que nem todos os médicos pedem os testes de sorologia aos pacientes. Hoje, a luta é por apressar o diagnóstico. Há medicação e meios de conter a transmissão do vírus. Os dados do Ministério da Saúde revelam que, quando o Estado decide encarar com seriedade uma questão, é possível reverter as adversidades que afligem os cidadãos.

O enfrentamento da Aids, nos últimos 30 anos, mostra que o poder público pode mudar a dramática realidade da saúde pública, em que milhares de pessoas morrem por falta de assistência médica e hospitalar adequada. Deixa claro que o SUS tem competência para dar as respostas que a sociedade tanto espera por saúde de qualidade no país. Para isso, o governo deve investir não apenas nos profissionais, mas também equipar a rede pública adequadamente para que as tragédias por falhas no atendimento dos pacientes não sejam a manchete do cotidiano dos brasileiros.

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