Editorial Educação a distância

Publicado em: 22/11/2018 03:00 Atualizado em: 22/11/2018 17:47

O Ministério da Educação homologou a decisão do Conselho Nacional de Educação (CNE) que aprovou as novas diretrizes do ensino médio. Entre as medidas está a possibilidade de até 20% da carga horária ser por meio do ensino a distância (EAD) e poderá chegar a 30% para os estudantes do período noturno. Os percentuais não valem para os conteúdos obrigatórios da Base Nacional Comum Curricular, que ainda não está concluída. O EAD só vale para o conteúdo diferenciado, que será definido por escola, município e unidade da Federação. Para os alunos do ensino fundamental, que abrange crianças de 6 a 14 anos, a modalidade continua proibida.

Apesar de suscitar controvérsias, a iniciativa do governo é positiva e deverá beneficiar, principalmente, quem tenta recuperar o tempo perdido, por meio do sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Mas exige cuidados. A facilidade impõe ao poder público esforço redobrado na formulação dos conteúdos. Diferentes sondagens revelam que a qualidade do ensino brasileiro ainda precisa avançar muito para alcançar o patamar do século 21.

Segundo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado em outubro último, só 2,1% dos alunos carentes conseguem atingir pelo menos o nível 3 em ciência, matemática e leitura no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). O resultado coloca o Brasil no aspecto social em pior situação entre 70 países do estudo. Ou seja, atrás de Colômbia, Costa Rica, Geórgia, Romênia e Trinidade e Tobago. Em Hong Kong (China), 53,2% dos alunos carentes atingiram o nível 3; no Japão, 40,6%; na Finlândia, 39,5%.

A implantação do ensino a distância exigirá muito dos profissionais para que conquiste padrão de qualidade. Além disso, o Brasil ainda tem muito o que melhorar na oferta de internet com velocidade. Hoje, o acesso à rede virtual não está universalizado, seja pela falta de cobertura nas cidades do interior, seja pelo percentual de brasileiros que, devido ao baixo poder aquisitivo, não têm computador doméstico. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que 63 milhões de pessoas não usam internet. Grande parte das escolas públicas também não têm como garantir esse acesso aos alunos.

Para vencer as barreiras, o poder público terá que fazer investimentos, de modo que adolescentes, jovens e adultos possam interagir no meio virtual a fim de complementar sua formação educacional. Os deficits de conhecimento dos estudantes estão comprovados, sobretudo no ensino da língua portuguesa. Muitos leem, mas não conseguem compreender a mensagem do texto. Trata-se de dificuldade a ser superada para que o Brasil ingresse, com sucesso, no modelo contemporâneo de educação.

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.