Frustrações para lamentares. Melhor dizendo, parlamentares

Marcelo Alcoforado
Publicitário e jornalista

Publicado em: 21/11/2018 03:00 Atualizado em:

Nas entranhas dos jornais norte-americanos é comum ouvir-se o paradoxismo “bad news, good news”, que significa, em português, algo como má notícia é boa notícia. 
Má notícia é boa notícia, sim, para aumentar a venda de jornais e a audiência dos demais meios de comunicação, registrando-se que até os sites e blogues dela se beneficiam.
Por exemplo, suponha-se que no fim da tarde um bilionário entra no seu helicóptero e vai para casa. Como acontece todos os dias, trata-se de mera rotina. Não há fato de interesse jornalístico. Se, no entanto, certa tarde o mesmo empresário, ao entrar no helicóptero se deparar com sequestradores que o fizerem refém, estará configurado o fato jornalístico que mesmo depois do desfecho ainda renderá leitura e audiência.
O Brasil, por seu turno, produz tantos fatos chocantes, sob qualquer ponto de vista, que de tão maltrapilha a moralidade reinante, o efeito de catalisar a reação do interesse público pouco repercute. Ou nada. É como o helicóptero que todas as tardes, sem sobressaltos, chega ao seu destino.
Quando se imaginava que as recentes eleições marcariam um novo momento na vida política brasileira,  constatou-se que um terço do novo Congresso Nacional responde por corrupção, lavagem de dinheiro, assédio sexual e estelionato. 
São nada menos que 160 deputados e 38 senadores cujas folhas corridas fazem o cidadão confiar, cada vez menos, na democracia representativa, no parlamentar.
O que é para lamentar.


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