Editorial
Menos médicos
Publicado em: 19/11/2018 09:00 Atualizado em:
O Mais Médicos nunca foi unanimidade nacional. De um lado, criticou-se a qualificação técnica dos profissionais, cuja formação não mereceu análise criteriosa dos órgãos competentes. De outro, recriminaram-se cláusulas do contrato firmado pelas partes. Entre elas, a destinação de 70% do salário para o governo cubano e a separação de familiares como forma de pressão para evitar a deserção de homens e mulheres que vieram para o Brasil.
Criado às pressas pela então presidente Dilma Rousseff em 2013 como resposta às manifestações daquele ano que clamavam por melhores serviços públicos, o programa visava oferecer assistência médica a moradores de rincões distantes sem acesso a serviço de saúde. O governo alegou, na ocasião, não ter havido interesse dos brasileiros de afastar-se dos grandes centros para residir no interior. Optou, então, pela importação de trabalhadores para fazer frente à emergência.
Com intermediação da Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 18 mil médicos chegaram ao país. Entre eles, 8.300 cubanos que atendem 28 milhões de pessoas em 2.800 municípios. Havana, agora, anuncia o rompimento unilateral da colaboração da ilha no Mais Médicos. Espera que, até dezembro, tenha retirado todos os nacionais do país. Segundo alega, trata-se de resposta ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, que criticou a participação dos profissionais no programa.
A decisão nada diplomática permite concluir que tem por objetivo causar dificuldades ao futuro governo. Em primeiro lugar, porque a crítica de Bolsonaro não é nova. Ele a havia verbalizado durante a campanha presidencial. Por que só agora mereceu reação tão abrupta? Afinal, ele ainda não tomou posse. Em segundo, por que a nota divulgada pelo governo cubano para comunicar o rompimento do contrato está impregnada de razões ideológicas, não técnicas? Por fim, a saída em pouco mais de um mês do contingente contratado torna quase inviável o preenchimento das vagas em tempo tão curto.
Segundo o Ministério da Saúde, o problema não é de profissionais. Existem no país de 15 mil a 25 mil médicos aptos a tomar parte da seleção para ocupar os postos desocupados às pressas. Ocorre, porém, que o processo obedece a trâmite que demanda cumprimento de etapas — cada uma com determinado prazo. Sem dúvida, a busca de saídas é problema sério que desafia o governo.
Sabe-se que a saúde é uma das grandes preocupações dos brasileiros. Apesar disso, o Estado não tem dado a resposta adequada no oferecimento do serviço essencial à vida — daí por que se abriu espaço para soluções capengas, como a do Mais Médicos. Agora o governo terá de mostrar eficiência e criatividade para ocupar os vazios deixados pelos cubanos. O urgente é socorrer os quase 30 milhões de brasileiros que ficaram sem assistência (ainda que precária).
Criado às pressas pela então presidente Dilma Rousseff em 2013 como resposta às manifestações daquele ano que clamavam por melhores serviços públicos, o programa visava oferecer assistência médica a moradores de rincões distantes sem acesso a serviço de saúde. O governo alegou, na ocasião, não ter havido interesse dos brasileiros de afastar-se dos grandes centros para residir no interior. Optou, então, pela importação de trabalhadores para fazer frente à emergência.
Com intermediação da Organização Pan-Americana de Saúde, cerca de 18 mil médicos chegaram ao país. Entre eles, 8.300 cubanos que atendem 28 milhões de pessoas em 2.800 municípios. Havana, agora, anuncia o rompimento unilateral da colaboração da ilha no Mais Médicos. Espera que, até dezembro, tenha retirado todos os nacionais do país. Segundo alega, trata-se de resposta ao presidente eleito, Jair Bolsonaro, que criticou a participação dos profissionais no programa.
A decisão nada diplomática permite concluir que tem por objetivo causar dificuldades ao futuro governo. Em primeiro lugar, porque a crítica de Bolsonaro não é nova. Ele a havia verbalizado durante a campanha presidencial. Por que só agora mereceu reação tão abrupta? Afinal, ele ainda não tomou posse. Em segundo, por que a nota divulgada pelo governo cubano para comunicar o rompimento do contrato está impregnada de razões ideológicas, não técnicas? Por fim, a saída em pouco mais de um mês do contingente contratado torna quase inviável o preenchimento das vagas em tempo tão curto.
Segundo o Ministério da Saúde, o problema não é de profissionais. Existem no país de 15 mil a 25 mil médicos aptos a tomar parte da seleção para ocupar os postos desocupados às pressas. Ocorre, porém, que o processo obedece a trâmite que demanda cumprimento de etapas — cada uma com determinado prazo. Sem dúvida, a busca de saídas é problema sério que desafia o governo.
Sabe-se que a saúde é uma das grandes preocupações dos brasileiros. Apesar disso, o Estado não tem dado a resposta adequada no oferecimento do serviço essencial à vida — daí por que se abriu espaço para soluções capengas, como a do Mais Médicos. Agora o governo terá de mostrar eficiência e criatividade para ocupar os vazios deixados pelos cubanos. O urgente é socorrer os quase 30 milhões de brasileiros que ficaram sem assistência (ainda que precária).