Editorial Prevenir é necessário

Publicado em: 17/11/2018 03:00 Atualizado em: 17/11/2018 20:04

Os desabamentos de edificações públicas não chega a ser surpresa no país. Há os que provocam comoção na sociedade devido ao elevado número de vítimas. Às vésperas do início da Copa do Mundo de 2014, uma das alças do Viaduto Guararapes, em Belo Horizonte, caiu, matou duas pessoas e deixou 23 feridos. No início deste ano, na área central de Brasília, desabou o Viaduto da Galeria dos Estados, complicando a ligação entre as asas Norte e Sul e o acesso à Esplanada dos Ministérios — por sorte, os danos foram materiais.

Na quarta-feira, um viaduto da Marginal Pinheiro, em São Paulo, cedeu. Alguns motoristas tiveram o veículo danificado. A obra está comprometida e a solução será a demolição. A prefeitura paulista garante que 185 viadutos foram vistoriados e 33 apresentaram problemas. O que desabou parcialmente não apresentava nenhum sinal que indicasse danos à estrutura.

O poder público de São Paulo informou ter recursos em caixa para a manutenção das obras existentes na cidade. Mas a destinação de dinheiro para os cuidados preventivos com as edificações não é algo natural na maioria dos orçamentos estaduais, municipais nem federais. Em maio deste ano, um prédio de 24 andares, no Largo do Pasissandu, também em São Paulo, de propriedade do governo federal, estava ocupado por muitas famílias. Um incêndio fez o edifício desabar e nove pessoas das 372 que o ocupavam morreram.

Responsabilizar o Executivo é o caminho mais fácil diante das tragédias. Entretanto, a conservação e manutenção das edificações é obrigação a ser dividida com o Legislativo. A maioria dos legisladores tem a preocupação de fazer emendas para atender interesses bem localizados dos seus redutos eleitorais, de olho no pleito seguinte. É foco fechado sem a abragência necessária para atender ao maior número possível de cidadãos.

É preciso, ainda, cobrar das concessionárias, responsáveis pela administração das rodovias. A arrecadação com pedágio não pode ser via de mão única. As empresas têm de dar a contrapartida por meio da zeladoria das vias e melhoria das condições de trafegabilidade aos cidadãos. Isso implicar realizar as obras necessárias para a segurança de todos.

A falta de prevenção e fiscalização em todos os campos, inclusive no cuidado com as obras públicas está entre as causas dos dramas urbanos. O desabamento da Ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, no Rio de Janeiro, com duas mortes, bem ilustra a negligência do poder público. Ontem, chamou a atenção a possibilidade de o prédio histórico da Universidade Federal de Pernambuco desabar. O desgaste na base da torre não ocorreu da noite para o dia, mas o grau de inclinação ficou tão acentuado a ponto de as autoridades entenderem a necessidade de intervenção antes de o pior acontecer.

Hoje, quando o Congresso e as casas legislativas se preparam para apreciar e votar o Orçamento do próximo ano, é o momento adequado para repensar e garantir ao Executivo federal, estadual, distrital e municipal dinheiro suficiente para que ações preventivas tenham financiamento adequado. Tal providência não é despesa, mas instrumento de economicidade do erário. É preciso prevenir, pois não há o que remediar diante das tragédias.

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