Editorial
País sem excelências
Publicado em: 12/11/2018 03:00 Atualizado em: 12/11/2018 14:31
Reajuste concedido aos ministros do Supremo Tribunal Federal joga luz, mais uma vez, sobre chaga que o Brasil teima em manter aberta. Trata-se dos privilégios do setor público. Eles vão ao encontro de dito que circula como piada, mas está intimamente colado à realidade: “Todos são iguais perante a lei, mas existem os mais iguais”.
Ocupantes de altos cargos da República, os ungidos se distanciam dos cidadãos comuns. Em primeiro lugar, pelo tratamento. Deixam de ser senhor e senhora. Tornam-se excelência. Em segundo, pelas benesses. O trabalhador, que paga impostos para manter a máquina do Estado, arca com a própria sobrevivência.
Desembolsa o aluguel da casa, a passagem do transporte, as idas e vindas de avião, a compra do carro próprio, o abastecimento de combustível, o salário dos empregados, os serviços de Correios. Mais: goza um mês de férias, cumpre horário de expediente, submete-se a metas de produtividade. E, com certeza, recebe remuneração mensal bem inferior à dos ocupantes do andar de cima.
A observação vem a propósito do pronunciamento do presidente do Supremo Tribunal Federal quando se divulgou a decisão do Senado de fazer agrado ao Supremo (com o chapéu do povo). Vale lembrar que a majoração e seu efeito cascata acarretarão impacto de R$ 4 bilhões ao ano aos combalidos cofres públicos — a União fará frente a R$ 1,45 bilhão; os estados, muitos em situação pré-falimentar, R$ 2,6 bilhões.
Ao comentar a concessão — talvez justa, mas com certeza inoportuna —, Dias Toffoli disse que vai apressar a restrição do auxílio-moradia para juízes federais, hoje pago indistintamente a boa parcela dos magistrados. Com isso, compensaria parte do impacto do reajuste de 16,38%, que fez a remuneração saltar de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Claro que a conta não fecha.
Com o deficit fiscal que estrangula a economia, o país precisa cortar gastos. O presidente Temer deu indícios de que joga no time do atraso como o Senado. Não vetará o projeto. É hora de virar o jogo. Impõe-se ouvir o recado das urnas, que apostaram na mudança. Disseram não a políticos que representam a velha política esclerosada — que se serve do Estado para benefício próprio em vez de servir ao Estado.
Jair Bolsonaro e o Congresso renovado devem dar resposta ao eleitor. Passo importante será acabar com os privilégios herdados da casa-grande e senzala. Além do auxílio-moradia, demonstrações de excelências têm de desaparecer. É o caso de carros oficiais, motoristas pagos pelo erário, apartamentos funcionais, passagens aéreas, férias em dobro, gabinetes perdulários. O cidadão que renovou o Executivo e o Legislativo quer entrar no século 21. Fazer a leitura correta do tempo é o desafio que os representantes do novo têm pela frente.
Ocupantes de altos cargos da República, os ungidos se distanciam dos cidadãos comuns. Em primeiro lugar, pelo tratamento. Deixam de ser senhor e senhora. Tornam-se excelência. Em segundo, pelas benesses. O trabalhador, que paga impostos para manter a máquina do Estado, arca com a própria sobrevivência.
Desembolsa o aluguel da casa, a passagem do transporte, as idas e vindas de avião, a compra do carro próprio, o abastecimento de combustível, o salário dos empregados, os serviços de Correios. Mais: goza um mês de férias, cumpre horário de expediente, submete-se a metas de produtividade. E, com certeza, recebe remuneração mensal bem inferior à dos ocupantes do andar de cima.
A observação vem a propósito do pronunciamento do presidente do Supremo Tribunal Federal quando se divulgou a decisão do Senado de fazer agrado ao Supremo (com o chapéu do povo). Vale lembrar que a majoração e seu efeito cascata acarretarão impacto de R$ 4 bilhões ao ano aos combalidos cofres públicos — a União fará frente a R$ 1,45 bilhão; os estados, muitos em situação pré-falimentar, R$ 2,6 bilhões.
Ao comentar a concessão — talvez justa, mas com certeza inoportuna —, Dias Toffoli disse que vai apressar a restrição do auxílio-moradia para juízes federais, hoje pago indistintamente a boa parcela dos magistrados. Com isso, compensaria parte do impacto do reajuste de 16,38%, que fez a remuneração saltar de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. Claro que a conta não fecha.
Com o deficit fiscal que estrangula a economia, o país precisa cortar gastos. O presidente Temer deu indícios de que joga no time do atraso como o Senado. Não vetará o projeto. É hora de virar o jogo. Impõe-se ouvir o recado das urnas, que apostaram na mudança. Disseram não a políticos que representam a velha política esclerosada — que se serve do Estado para benefício próprio em vez de servir ao Estado.
Jair Bolsonaro e o Congresso renovado devem dar resposta ao eleitor. Passo importante será acabar com os privilégios herdados da casa-grande e senzala. Além do auxílio-moradia, demonstrações de excelências têm de desaparecer. É o caso de carros oficiais, motoristas pagos pelo erário, apartamentos funcionais, passagens aéreas, férias em dobro, gabinetes perdulários. O cidadão que renovou o Executivo e o Legislativo quer entrar no século 21. Fazer a leitura correta do tempo é o desafio que os representantes do novo têm pela frente.