Editorial O que muda no governo Bolsonaro

Publicado em: 03/11/2018 03:00 Atualizado em:

E m entrevista concedida ao jornal Correio Braziliense, o presidente eleito Jair Bolsonaro falou sobre o eventual sucesso ou fracasso do seu governo, que começa em 2019. “Não posso errar, senão o PT volta”, disse ele na entrevista.  
Por isso, sua preocupação - de acordo com suas palavras - é encontrar os melhores nomes possíveis para compor o governo. “Tenho falado o seguinte: se alguém tiver alguém melhor que o Paulo Guedes, que o Heleno, que o Moro, apresente. Nós vamos discutir. Quero o melhor para o Brasil”. Isso implica relação com a Oposição - ele acredita que, num primeiro momento, o Congresso deve aprovar sem problemas seus projetos. “Tenho conversado muito com os parlamentares, antes inclusive de entrar em campanha”, disse ele. “Ultrapassamos em 120 o número de parlamentares na reta final, tivemos o apoio das bancadas da agricultura, evangélica. Então, temos tudo para ter um pacotão de medidas no início do mandato, que o Congresso venha a aprovar sem maiores percalços. A não ser os partidos tradicionais de esquerda que, ao que parece, vão fazer oposição pela oposição, como sempre fizeram ao longo dos 28 anos em que estou dentro da Câmara.”
Outro ponto que se destaca da entrevista - concedida à jornalista Denise Rothenburg - é a questão militar. Todos já sabem que os militares terão papel de destaque em seu governo, ênfase que Bolsonaro explica ao falar sobre a escolha de um general de quatro estrelas (Augusto Heleno) para comandar o ministério da Defesa - o que, explica ele, garantirá aos militares um assento nas reuniões ministeriais. Nesse ponto, ele critica não só o PT, mas também os governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “A intenção da criação do Ministerio da Defesa, no fim do milênio passado”, afirma o presidente eleito, “era tirar os militares da mesa ministerial, no governo Fernando Henrique Cardoso. Tirar da mesa porque os militares presentes ali incomodavam os ministros, alguns ministros, de Fernando Henrique Cardoso, que nunca demonstrou qualquer respeito para conosco. Tanto é que nosso sucateamento se agravou muito no governo FHC e continuou em parte no governo Lula. É uma questão de revanchismo, aquilo, até mesmo a criação da comissão de desaparecidos, a Comissão da Verdade. O objetivo de bater nos militares é que, na verdade, nós somos o último obstáculo para o socialismo. Então, é na intenção ideológica o que vinha sendo feito. A mudança agora começa com um general de quatro estrelas à frente dele”. 
As ênfases do que será o governo Bolsonaro já estão bem delineadas. Agora, é esperar 2019 para ver o efeito delas na sociedade e na política brasileira.


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