A porcelana

Roque de Brito Alves
Membro da Academia Pernambucana de Letras

Publicado em: 31/10/2018 03:00 Atualizado em: 31/10/2018 09:02

1. A arte da fabricação da porcelana começou na China durante a Dinastia Tang, período de 618 a 906, com o seu apogeu durante a época da Dinastia Ming, 1368-1644, com a porcelana chinesa caracterizada pela sua famosa cor azul em fundo branco (“o azul-branco”, blue and white). A porcelana foi introduzida na Europa, no século 13, por Marco Polo, ao retornar da China.

2. Todos os estilos artísticos estiveram presentes na arte da porcelana, como o Barroco e o Neo-Rococó (sobretudo em Meissen, no Século 18, e em Paris, 1830-1870, sob a influência do estilo de Jacob Petit), o Império ou Neoclássico (especialmente nas fábricas e ateliers de Paris e de Viena, no período 1790-1830), o denominado “Vieux Paris” (1770-1870, de rica decoração a ouro e floral nos vasos e jarros), o Art Nouveau (1890-1914), o Art Déco (1920-1940), sempre refletindo a cultura, a vida social e os costumes de um certo país.

3. Nos serviços de chá e café, nos objetos de decoração (vasos e jarros), a decoração era a ouro em relevo (especialmente, na porcelana Imperial de Viena, nas bordas dos pratos no século 19) ou brunido (como na porcelana de Paris de estilo Império, 1800-1830, nos vasos sob a forma de ânforas greco-romanas) ou em pintura à mão, ou impressa, de excepcional beleza, em todo o corpo da peça ou em seus medalhões (ou reservas), sempre tendo como tema ou motivo de inspiração a reprodução de quadros de pintores célebres as cenas românticas ou galantes de Watteau, Boucher e Fragonard, pintores franceses do século 18, de paisagens campestres (tendo como modelos os pintores holandeses do século 17, os “old masters”), de cenas históricas ou mitológicas ou da vida quotidiana bem como de pássaros exóticos, de aves do paraíso (porcelana inglesa e francesa do século 19).

4. Particularmente, destaquemos o “biscuit” (porcelana fosca, sem brilho, sem esmalte, sem decoração) surgido em Sèvres, na 2ª metade  do século 18, sempre branco pois procurava imitar o mármore das antigas esculturas ou estátuas gregas e romanas, reproduzindo personagens de fantasia ou da nobreza ou grupos, de alto requinte ou perfeição em sua fabricação, de anatomia bem detalhada.  

5. A nobreza brasileira, ao tempo do Império, desde o Imperador D. Pedro I, encomendava a sua louça brasonada e monogramada na Europa, de preferênciwa na França (Paris e Limoges), exibindo a nossa aristocracia do açúcar, café e cacau, em suas mansões de engenhos e de fazendas, imensos serviços de mesa e peças decorativas (vasos e jarros) da melhor porcelana europeia do século 19 (a francesa, principalmente).

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