Editorial Movimentos de esperança

Publicado em: 31/10/2018 03:00 Atualizado em: 31/10/2018 09:03

Baixada a poeira do radicalismo que tomou conta do segundo turno das eleições para a Presidência da República, começam a se delinear as primeiras ações do próximo ocupante do Palácio do Planalto para retirar o país do marasmo em que se encontra. O aceno de Jair Bolsonaro de que pode trabalhar em favor da reforma previdenciária, ainda durante o governo Temer, mesmo de forma parcial, merece elogios, pois é sabido que sem as mudanças nas regras da Previdência, e logo em seguida a aprovação da reforma tributária, o Brasil não terá como reencontrar o caminho do crescimento a taxas satisfatórias.

No entanto, decisão como a extinção do Ministério do Meio Ambiente, a ser assimilado pelo Ministério da Agricultura, não é bem recebida pela sociedade. É como tentar misturar água e óleo, o que é impossível. Isso sem falar na péssima repercussão internacional de tal medida, já que, hoje, o Brasil é uma das nações com legislação ambiental mais avançada do mundo.

Além das urgentes reformas que a atual administração federal não teve força política para aprovar, o futuro governo já sinalizou, por intermédio do próximo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, que a contenção dos gastos públicos é prioridade zero, começando, justamente, pela reforma previdenciária. O economista acerta ao revelar que, para a retomada do crescimento a aposta é na reativação do programa de privatização das estatais, em banho-maria há algum tempo, na regulação de investimentos, alteração de impostos e mudanças sobre valores na tributação do Imposto de Renda.

Bolsonaro revelou que buscará, com o atual governo, “aprovar alguma coisa do que está em andamento, como a reforma da Previdência. Se não num todo, em parte do que está sendo proposto, porque evitaria problemas para o futuro governo”, sublinhou. O que ele não pode esquecer é de que as mudanças na Previdência dependem do Congresso Nacional. Então, ele deve usar todo o seu capital político, advindo das urnas, para dar início às reformas, mesmo que seja de forma parcial

A intenção do novo governo é fazer uma reforma da Previdência profunda e de longo prazo, mas nada impede de se começar a aprová-la com a atual composição do atual Congresso. Seria um sinal claro para os investidores internos e externos de que a futura administração realmente vai tomar as medidas necessárias para recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento. E que a reforma previdenciária também seja profunda no setor público, com o corte de privilégios repudiados pela sociedade.

Também chama a atenção a intenção, ambiciosa que seja, de se reduzir em 20% a dívida pública com a reforma do Estado, privatizações e concessões; a unificação de quatro a seis impostos federais para incrementar a arrecadação; e a redução do Imposto de Renda, com isenção e nova tabela do IR. Outra medida há muito esperada pelo mercado foi a anunciada autonomia do Banco Central (BC), mecanismo fundamental para impedir a volta das políticas monetárias populistas.

Os movimentos iniciais do presidente Jair Bolsonaro e de seus auxiliares mais próximos vão ao encontro das expectativas dos que torcem e acreditam no retorno dos dias de crescimento em níveis de países avançados e na devolução do emprego a 12,5 milhões de brasileiros que continuam sem uma vaga formal no mercado de trabalho, a maior herança dos desmandos econômicos de governos passados.

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