Ajudar Bolsonaro

José Luiz Delgado
Professor de Direito da UFPE

Publicado em: 30/10/2018 03:00 Atualizado em: 30/10/2018 08:32

Em 1989, por ocasião do 2º turno das primeiras eleições presidenciais a se realizarem depois do êxito de Jânio em 1960 – as primeiras eleições em que votei (a primeira eleição em que também votou a minha filha mais velha), – e decidido a não votar jamais no sr. Collor de Melo, em quem nunca acreditei, escrevi um artigo “Ajudar Lula”, imaginando que aquele era o papel de todo patriota bem intencionado: ajudar o petista a ganhar a eleição e a governar. Do mesmo modo entendo agora que este é o papel de todo aquele que ama o país e quer ver as coisas melhores – o povo mais bem servido, e o governo infinitamente menos corrompido: ajudar Bolsonaro a governar. Que se deixem para trás as querelas, as divisões, as apaixonadas brigas, e procuremos todos, sinceramente, contribuir para o novo governo que o povo escolheu. Já a todos deveria emocionar o clima de patriotismo, de amor pela pátria comum, que transpareceu nas comemorações pela vitória.

Uns dias antes da eleição, houve quem me perguntasse se Bolsonaro conseguiria resolver todos os problemas do país. Claro que não, respondi. O caos, a tragédia administrativa que quatro mandatos do PT legaram ao Brasil não é desafio a ser superado por apenas um governo. Muitos serão necessários para reconstruir o país. Mais uma razão para nos empenharmos, todos, em ajudar o futuro governo – que começa com um grau nunca visto de espontânea e entusiasmada participação popular.

Quaisquer que sejam os defeitos que Bolsonaro tenha, ele tem também o evidente mérito da humildade. Não pretende que sabe tudo, não pretende que tem a receita para cada tragédia nacional. Tem, portanto, a vantagem de saber que precisa de colaboração, de ajuda. Precisa de todos, dos seus eleitores e da oposição. Não governará sozinho. Por isto, é pena que importantes lideranças de dimensão nacional – que obviamente não poderiam estar comungando com o projeto totalitário e corrupto do PT – não tenham, em tempo, isto é, antes da decisão final, e sobretudo até antes do primeiro turno, declarado explícito apoio ao candidato que representava o anseio popular por mudança, por um outro país. Se tivessem declarado esse apoio (que certamente terão dado privadamente), ter-se-iam habilitado para, agora, dar uma contribuição efetiva, sobretudo em termos de ideias e propostas (não em cargos), ao futuro governo.

De fato, não foi Bolsonaro quem fez a opinião pública brasileira. Foi esta, a opinião pública brasileira, que fez Bolsonaro. A opinião nacional que estava e está farta de corrupção na política, do velho costume das trocas, das negociatas, do loteamento dos ministérios, farta, especificamente, da monumental corrupção que (em vista do seu plano totalitário) o PT desenvolveu no País. Bolsonaro teve a sensibilidade de perceber e exprimir a indignação nacional generalizada. Pode ser o homem errado, como alguns pretendem – mas é o que estava na hora certa e no lugar certo. No lado certo, com a bandeira certa (a nossa bandeira jamais será vermelha!) e com as bandeiras certas.  Por isto, todos os brasileiros que não admitem o projeto totalitário da esquerda, não toleram a corrupção, não admitem a desconstrução dos valores tradicionais, não aceitam a destruição da família, e sonham com um Brasil decente, austero, de trabalho e dignidade, todos nós precisamos contribuir com o novo governo, ajudar Bolsonaro.

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