Editorial Confiança em queda

Publicado em: 27/10/2018 03:00 Atualizado em: 29/10/2018 08:48

São muitos os desafios que esperam o próximo presidente da República a ser eleito neste domingo, sendo um dos mais urgentes devolver a confiança aos que estão descrentes em relação ao futuro. Tarefa nada fácil, depois de o país atravessar uma das piores recessões da história, senão a pior, e o crescimento ter voltado a patamares menores do que o esperado. Atualmente, 82% dos cidadãos consideram ruim o atual momento, sendo que mais da metade aponta o custo de vida como o maior problema devido às altas taxas de desemprego — cerca de 13 milhões de trabalhadores sem carteira assinada — e a queda real da renda.

Tamanho pessimismo só será revertido com a retomada do crescimento econômico e a queda do desemprego. A economia está se recuperando de forma gradual, mas ainda lenta, e somente com as reformas estruturais — previdenciária, tributária e fiscal, entre outras — alcançará índices desejáveis e devolverá ao cidadão a confiança em dias melhores. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 47% dos consumidores alegam que há pelo menos uma pessoa desempregada em casa e 34% afirmaram ter receio de perder o emprego, o que explica a descrença em relação ao futuro.

Os dados recolhidos pelo levantamento mostram que o Índice de Confiança do Consumidor permaneceu estagnado na transição dos últimos dois meses, com 41,9 pontos em setembro, ante 42,4 pontos em agosto, numa escala que varia de zero a 100. Na passagem de agosto para setembro, 82% dos brasileiros acreditavam ser ruim a situação econômica atual. Dos 800 consumidores ouvidos, 68% avaliaram que a principal causa da situação da economia é o desemprego elevado; 61% atribuíram ao aumento dos preços dos produtos; 38% culparam as altas taxas de juros cobradas pelas instituições de crédito; e 29% apontaram a variação cambial.

A amostragem indica ainda que, para mais da metade dos consumidores ouvidos, o alto custo de vida tem provocado os maiores obstáculos para as finanças familiares, mesmo com a política monetária do Banco Central (BC), que vem mantendo a inflação sob controle. Para 19%, o maior problema é a falta de uma vaga no mercado de trabalho formal. Com relação aos itens que mais pesam nas despesas do dia a dia, 89% citaram as contas de energia elétrica e água; 87%, as compras de supermercado; e 86%, o transporte.

A pesquisa deixa claro que somente com a adoção de uma política econômica responsável e séria, sem concessões a propostas populistas, como as adotadas por governos anteriores, a confiança do brasileiro pode ser reconquistada. Um programa que atraia investimentos externos e internos para alavancar a economia promoverá a recuperação do emprego e o crescimento real da renda, condições fundamentais para a volta do otimismo.

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