Editorial A força da democracia

Publicado em: 08/10/2018 03:00 Atualizado em: 08/10/2018 08:52

Em uma democracia séria não se questiona o resultado das urnas. Os eleitores têm soberania sobre suas decisões e a maioria deve ser respeitada. A opção pelo segundo turno entre Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT, mostra que a população precisa de um pouco mais de tempo para se decidir. Nada mais legítimo. Todos terão mais três semanas para baixar as armas e, com bom-senso e sabedoria, escolher, nas urnas, aquele que comandará o Brasil pelos próximos quatro anos.

Será preciso muita serenidade, pois a polarização entre a extrema direita e a esquerda mais radical tende a levar os eleitores a decidirem seus votos com emoção, em vez da razão. O país vive uma de suas mais graves crises ética, econômica e política. Uma escolha errada pode transformar o que está ruim em pior. A economia não cresce desde 2014, com 13 milhões de desempregados — a maioria de jovens sem esperança em relação ao futuro. Há, entre a população, um sentimento de repúdio aos políticos, que se tornaram sinônimos de corruptos. Não há democracia forte sem um sistema político confiável.

As surpresas que as urnas mostraram em vários estados, em que desconhecidos venceram no primeiro turno ou levaram a disputa para a segunda etapa, em que figurões que tinham lugar cativo no Senado perderam a cadeira, indicam que os eleitores procuram um novo caminho. Apontam que a direção seguida até este momento não lhes satisfaz mais. Muito dessa vontade de mudança vem dos escândalos revelados pela Operação Lava-Jato, que desnudou um esquema sem precedentes de corrupção e explicitou um sistema pobre feito para privilegiar poucos e punir a grande maioria.

Os insatisfeitos vão questionar os resultados, apresentar justificativas simplistas, como a de que os eleitores não têm conhecimento suficiente para escolher seus mandatários. Pura demagogia. Não só os eleitores sabem o que querem, como fazem suas escolhas da forma mais democrática possível, por meio das urnas. Mais: não se deixaram contaminar pela enxurrada de notícias falsas que tentaram minar um modelo vitorioso. As fake news são uma praga que precisa ser combatida com todas as forças. E o caminho para isso é a transparência do processo eleitoral. Quanto maior, melhor.

A partir de agora, tanto Bolsonaro quanto Haddad terão que apresentar suas propostas para o país sem tergiversação. Acabou o período de ataques vazios, de discussões que não levam a nada. Os eleitores querem conhecer a fundo quais são os planos de governo de cada um deles para recolocar o Brasil nos trilhos. Já perdemos tempo demais. O projeto escolhido com a decisão soberana das urnas terá de ser respeitado e deverá contemplar a todos, independentemente de raça, cor, opção sexual ou ideologia. Como diz a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rosa Weber, o voto não distingue ricos ou pobres, homens ou mulheres. Todos têm o mesmo peso. Essa é a beleza da democracia.

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