Editorial Voto: pessoal e intransferível

Publicado em: 06/10/2018 03:00 Atualizado em: 08/10/2018 08:54

Muitos são os motivos para escolher quem, entre tantos candidatos, merecerá nossa escolha no processo eleitoral. Oferecer um voto significa declarar confiança, entregar em mãos alheias a responsabilidade de agir em seu nome junto à coletividade. Votar é, de certa forma, incumbir alguém de ser melhor que nós mesmos, de ir a público e pleitear em nosso nome, de assumir nossas escolhas em sociedade por um determinado período. Dessa maneira funciona a transferência de responsabilidades, tornando cada eleitor, ao mesmo tempo, algoz e vítima das ações de seus escolhidos.

As tarefas não são fáceis. Nem a de escolher, nem a de se dispor a ser escolhido. Carregam, ambas, grandes riscos e responsabilidades. Opções malfeitas, assim como candidaturas não vocacionadas, podem gerar frustração, arrependimento e prejuízo, além de deixar cicatrizes difíceis de se curar. Por isso, a construção concomitante da política e do eleitorado deve ser encarada como um continuum, algo que, ao contrário de se encerrar no momento do pleito, ali se renova, revelando de imediato os desafios da fase seguinte.

O sufrágio de amanhã, portanto, não é um ponto final ou sequer um ponto e vírgula. Assemelha-se mais a reticências que permitem respiro a quem vislumbra o restante da frase. O imediatismo é o maior inimigo do eleitor. Avaliar opções para as urnas às vésperas do pleito é o caminho mais curto para uma escolha imprudente. A escolha do candidato precisa começar no momento seguinte ao pleito anterior. São quatro anos para avaliar com cautela, rigor e isenção quem, afinal, irá merecer a honra de agir e falar por nós.

Amanhã, pela manhã, as seções eleitorais de todo o país abrirão suas portas para que cada cidadão pronuncie sua escolha. De cada cidadão, um voto. Peso e valor iguais para ricos, pobres, brancos, negros, índios, homens e mulheres. A vontade de cada um importa. O desejo de cada um se impõe. Assim funciona a democracia, conferindo poder coletivo como decorrência da somatória de milhares de escolhas individuais. No momento do voto, o cidadão e sua consciência, o desejo de ver resolvidos seus problemas, a convicção de que caminho é melhor para o país e a preocupação com os seus.

Cada cidadão brasileiro deve sair rumo às urnas, neste domingo, levando as reflexões, anseios e ponderações construídas ao longo dos últimos quatro anos. Na escolha das teclas, passado e futuro se encontram e imbuem de significado o ato solitário do voto. Mais que às campanhas e aos discursos exaustivamente repetidos nas redes sociais, é a essa reflexão profunda e individual que o eleitor deve recorrer amanhã. Ao cidadão — e a ninguém mais — cabe o protagonismo de suas próprias escolhas.

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