Investindo no agronegócio para melhorar a economia

Sara Noël-Bouton
Advogada e fundadora da associação Horizon, para crianças portadoras de limitações motoras, tem um filho de quatro anos com paralisia cerebral

Publicado em: 05/10/2018 03:00 Atualizado em: 05/10/2018 08:44

No campo, produtividade e tecnologia são inseparáveis. Esse casamento está por trás de algumas das experiências mais bem sucedidas do agronegócio. Essa regra serve tanto para os grandes produtores como para aqueles de menor porte e cooperativas agrarias. Com uma sequência de anos de vacas magras na economia brasileira, o agronegócio tem carregado o Brasil nas costas. O setor é responsável por 23% do PIB nacional e vem colhendo frutos muito bons. O PIB da agropecuária no terceiro trimestre de 2017, de R$ 70,3 bilhões, foi 9,1% superior ao registrado no mesmo período de 2016. No acumulado dos nove primeiros meses de 2017, a expansão foi de 14,6%.

O agronegócio tem uma história fascinante e é resultado de uma combinação de atributos. O Brasil tem vocação para a agricultura, mas não é só isso. É uma junção de vantagens naturais, renovação tecnológica, pesquisa, empreendedorismo e competição. É essa combinação de eventos que permite esse desempenho notável do setor, que é exportador e compete com os produtos estrangeiros da mesma maneira que a indústria.

Nas plantações tradicionais, sementes, adubo e calcário são distribuídos da mesma maneira sobre terra. Na hora de colher, o fazendeiro vê que a produtividade do terreno não é igual. O motivo está na “variabilidade”, ou seja, na diferença de fertilidade de cada parcela do solo. Hoje tem se trabalhado formente dentro do conceito de “Agricultura de Precisão” que é um conjunto de ferramentas que permitem identificar essa variabilidade e agir de maneira a aumentar o potencial produtivo ou fazer com que o empresário produza mais e gaste menos onde não vale a pena investir.

Outra tendência é o investimentos em “agritechs”, ou seja, agricultura que usa a tecnologia para suporte de decisão (55%) e a gestão (50%). A maioria das agritechs brasileiras surgiu nos últimos dois anos. Outra característica deste modelo é que o empreendedor tem que conhecer profundamente o setor em que está atuando - no caso, a agricultura. Isso porque é uma área cheia de peculiaridades e só tendo experiência no setor e conhecimento para entender os problemas que precisam de solução.

Vale reforçar que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) calcula que o mundo terá 9,3 bilhões de habitantes em 2050, dos quais 70% estará em áreas urbanas. Para alimentar esse contingente, será necessário aumentar a produção de alimentos em 70%; a de cereais, especificamente, terá que atingir 3 bilhões de toneladas por ano, superior aos 2,1 bilhões atuais.

O desafio é enorme não apenas pela quantidade, mas pela qualidade dessa produção, que não poderá crescer a qualquer custo. A demanda da sociedade por sustentabilidade exige que o agronegócio cresça com respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais. A tecnologia e a inovação são as aliadas para vencer este desafio. Investir nessas soluções é tornar o nosso empreendedor do campo em um profissionais mais qualificado para sobreviver às exigências do mercado, ser mais competitivo com a concorrência e com uma melhor produtividade.

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