Notas da campanha
José Luiz Delgado
Professor de Direito da UFPE
Publicado em: 28/09/2018 03:00 Atualizado em: 28/09/2018 08:52
1) Que governo, este atual, que nem o candidato do próprio partido defende! O que o Sr. Temer estará achando disso? O Sr. Henrique Meireles lembra que foi presidente do Banco Central no governo de Lula e diz que foi ministro da Fazenda em governo recente, sem dizer qual... Pior ainda: intimado a declarar que considerava o presidente Temer um homem honrado, no debate da Band entre os candidatos ao governo de São Paulo, o candidato do MDB, Paulo Skaff, esquivou-se, ficou falando somente de si mesmo, de sua própria história. É possível que nem o candidato de seu partido considere o Sr. Temer um homem honrado?
2) E a megalomania do Sr. Meirelles? Todos os méritos dos governos de que participou foram dele... Pretende que foi quem salvou a economia no governo Lula, e a restaurou no tal “governo recente”. Mas era então apenas presidente do Banco Central, num, e ministro da Fazenda no outro. Portanto, a seu ver, o governo é do homem do Banco Central, ou do ministro da Fazenda, não do presidente da República. No Brasil, quem comanda a economia não é o presidente, mas o Banco Central...
3) Denunciadas as coligações que implicam no loteamento do governo, num troca-troca (pelo que uma eventual administração Alckmin, por mais bem intencionado que seja o candidato, não poderá de fato funcionar), não pode o Sr. Meireles livrar-se desse risco alegando não ter feito coligações: seu partido já é uma imensa coligação, a maior banca de negócios da política brasileira.
4) Estão escondendo o problema da Previdência. Para não perder votos? Por que não declaram claramente, os neo-liberais, ou paleo-liberais, como o Sr. Meirelles e o Sr. Alckmin, que vão fazer a tal reforma da Previdência (que os grandes grupos financeiros lhe impõem) para tirar direitos dos trabalhadores, e empurrá-los para as grandes financeiras privadas? Esses, sim, são os direitos trabalhistas que vão ser suprimidos – a respeito dos quais a mídia, interessada, não questiona nem Alckmin nem Meireles. Raros também os candidatos a deputado federal que falam da Previdência (só falam os poucos que se declaram contra). Por que os outros não se definem? Assim, o eleitor saberia claramente que está votando em deputados que decidirão contra ele.
5) Por que um candidato não poderia, no guia eleitoral, mostrar imagens e declarações dos outros? A imagem do homem público não lhe pertence: é também pública. Dela qualquer um faça a serventia que quiser. Por que não recorrer ao passado do adversário, se a credencial com que cada um se apresenta ao eleitor é essencialmente, além de suas propostas, a própria biografia, a própria história, a coerência das ideias, a sequência das posições que veio assumindo ao longo da vida pública?
6) Não ao admitir a continuação da propaganda do vice Haddad no guia eleitoral, mas onde o TSE errou, e errou feio, foi ao registrar a própria candidatura de Haddad a vice. Diferentemente do regime de 46, a Constituição de 1988 não admite votação separada em vice e, portanto, não admite candidatura separada a vice. A candidatura a vice tem de estar embutida na candidatura presidencial. Se não há candidato a presidente, não pode haver candidato a vice.
2) E a megalomania do Sr. Meirelles? Todos os méritos dos governos de que participou foram dele... Pretende que foi quem salvou a economia no governo Lula, e a restaurou no tal “governo recente”. Mas era então apenas presidente do Banco Central, num, e ministro da Fazenda no outro. Portanto, a seu ver, o governo é do homem do Banco Central, ou do ministro da Fazenda, não do presidente da República. No Brasil, quem comanda a economia não é o presidente, mas o Banco Central...
3) Denunciadas as coligações que implicam no loteamento do governo, num troca-troca (pelo que uma eventual administração Alckmin, por mais bem intencionado que seja o candidato, não poderá de fato funcionar), não pode o Sr. Meireles livrar-se desse risco alegando não ter feito coligações: seu partido já é uma imensa coligação, a maior banca de negócios da política brasileira.
4) Estão escondendo o problema da Previdência. Para não perder votos? Por que não declaram claramente, os neo-liberais, ou paleo-liberais, como o Sr. Meirelles e o Sr. Alckmin, que vão fazer a tal reforma da Previdência (que os grandes grupos financeiros lhe impõem) para tirar direitos dos trabalhadores, e empurrá-los para as grandes financeiras privadas? Esses, sim, são os direitos trabalhistas que vão ser suprimidos – a respeito dos quais a mídia, interessada, não questiona nem Alckmin nem Meireles. Raros também os candidatos a deputado federal que falam da Previdência (só falam os poucos que se declaram contra). Por que os outros não se definem? Assim, o eleitor saberia claramente que está votando em deputados que decidirão contra ele.
5) Por que um candidato não poderia, no guia eleitoral, mostrar imagens e declarações dos outros? A imagem do homem público não lhe pertence: é também pública. Dela qualquer um faça a serventia que quiser. Por que não recorrer ao passado do adversário, se a credencial com que cada um se apresenta ao eleitor é essencialmente, além de suas propostas, a própria biografia, a própria história, a coerência das ideias, a sequência das posições que veio assumindo ao longo da vida pública?
6) Não ao admitir a continuação da propaganda do vice Haddad no guia eleitoral, mas onde o TSE errou, e errou feio, foi ao registrar a própria candidatura de Haddad a vice. Diferentemente do regime de 46, a Constituição de 1988 não admite votação separada em vice e, portanto, não admite candidatura separada a vice. A candidatura a vice tem de estar embutida na candidatura presidencial. Se não há candidato a presidente, não pode haver candidato a vice.