Eleições x ilusões

Malude Maciel
Membro da ACACCIL

Publicado em: 27/09/2018 03:00 Atualizado em: 27/09/2018 08:58

Será que a palavra “eleição” rima com “ilusão”?

É uma ideia interessante para os poetas e seresteiros atualizados com o movimento político nacional, porque, de uma forma ou de outra, as eleições brasileiras em si: o período eleitoral com suas práticas e táticas, a época dos preparativos para uma disputa eleitoral, com campanhas e propagandas, trazem no contexto ilusões, enganos, algo que foge à realidade, por não ser tratado com coerência e verdade. A sensação ilusionária ocorre tanto para os eleitos, não eleitos, os eleitores, desistentes e grande número de envolvidos nos pleitos.

Os eleitos são os mais beneficiados, pois atingiram seu objetivo, porém, contavam com votação superior ao que obtiveram e isso não deixa de ser uma frustração e, podem fazer planos de realizações (promessas de campanha) que nunca irão conseguir levar à frente devido às dificuldades nos altos escalões, do sistema cooperativista vigente, já montado e atuante conforme os mandachuvas; e os novatos, ou se inserem no contexto, ou ficam isolados, à margem do processo. Caso ilusório e até frustrante para alguns.

Para aqueles não eleitos, a ilusão é grande e a desilusão maior ainda, porque perder é difícil em quaisquer circunstâncias. Gastam, se desgastam e o resultado negativo machuca o físico e o emocional.

Os eleitores, por sua vez, têm suas ilusões e decepções. O peso da responsabilidade é tremendo para quem quer e precisa acertar e fazer mudanças, elegendo alguém idôneo para a função de representar os cidadãos, mas, é complicado porque pode não haver candidato à altura do merecimento do cargo. Também há decepção diante de quem teve vitória nas urnas, no entanto não é, nem de longe, o que demonstrou e do qual se esperava melhorias. Assim, será mais um sonho desfeito.

O povo em geral se ilude completamente nos processos eleitorais, pois se imagina íntimo dos postulantes que mostram uma face estranha da realidade; pensa conhecer suas vidas, seus planos, iludindo-se com as promessas milagrosas e sentir-se-á traído, sem solução nem esperança. Empossados os políticos tiram as máscaras e não se lembram do povão.

Há dilemas no momento de escolher um político sério e o eleitor brasileiro está desiludido com sérias razões que são do conhecimento de todos, sendo a corrupção a maior das mazelas dos ocupantes de cargos públicos. Uma vergonha para os três poderes da nossa República.

O eleitorado está cabreiro, sofrido, menos alienado, procurando acertar nas urnas, idealizando que o sufrágio, tão importante, seja benéfico para as mudanças esperadas e necessárias à qualidade de vida dos indivíduos, diante da violenta crise que o Brasil tem passado, nas áreas políticas, econômicas e morais.

Deve-se levar em consideração a quantidade de justificativas registrando a apatia dos insatisfeitos. Também o grande número de votos nulos, sinal de protesto. Essa questão deveria ser devidamente analisada pelo Tribunal Eleitoral, com critério, pois é uma mensagem do cidadão que se vê sem opção, mas quer mudar a situação caótica atual.

E se o voto fosse facultativo, será que os brasileiros exerceriam esse dever cívico e democrático?

Aí fica mais uma ilusão de que tudo vai melhorar nessa Nação...

Mas, parece que já se viu esse filme antes...

Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.