Família que contribui

Marisa Hardman Paranhos
Advogada, consultora em governança e membro de família empresária.

Publicado em: 27/09/2018 03:00 Atualizado em: 27/09/2018 08:58

Falar sobre o tema Família para muitos pode ser algo prazeroso, motivo de orgulho, para outros, porém, algo bastante delicado, nem sempre tão fácil de lidar. Sem dúvida, seja numa perspectiva positiva ou negativa, há muita emoção envolvida. O assunto se torna ainda mais desafiador quando se acrescenta um componente a mais: ter uma empresa comum, pertencente à família. Além da relação entre os seus membros consanguíneos ou não, a família passa a tratar de assuntos profissionais/empresariais e societários. As relações se tornam cada vez mais complexas, o que muitas vezes se não for bem tratado pode dificultar a convivência.

Nesse sentido é que em estudos voltados à empresa familiar foi criado na década de setenta pelos então professores da Havard Business School, Renato Tagiuri e John Davis, o famoso Modelo dos Três Círculos, ainda bastante atual e vastamente utilizado para o entendimento da dinâmica da empresa familiar. Cada um dos círculos (Família, Gestão e Propriedade) possui uma importância singular, cada um precisa de atenção e cuidado especial, não há como priorizar um em detrimento do outro, é necessário que estejam em equilíbrio, caso contrário, mais cedo ou mais tarde um desajuste em um deles pode provocar ou até mesmo comprometer o funcionamento de todo o sistema da empresa familiar.

E para o bom funcionamento dessas três engrenagens da empresa familiar é importante que se compreenda muito bem o papel de cada uma delas e de como a família pode e deve se engajar. Muitas vezes há um equivocado entendimento de que a participação efetiva ocorre apenas quando se trabalha na empresa, quando na verdade, diversas são as possibilidades de participação, envolvimento e contribuição.

Essa questão se torna ainda mais necessária com o crescimento da Família e transição de gerações, afinal, o número de pessoas tende a aumentar consideravelmente, o que nem sempre ocorre com o negócio. Além de ser difícil absorver todos os familiares na empresa, há uma questão muito importante que é a de observar os perfis, objetivos, habilidades, competências, anseios e realizações dos familiares. Nem sempre é desejo do familiar trabalhar na empresa, assim como pode não ser a pessoa mais habilitada para assumir determinada função de gestão, por outro lado pode ser um membro altamente contributivo para o sucesso daquela família empresária. Isso precisa ser conversado e tratado dentro das famílias por mais delicado que seja. Esses e outros assuntos serão tratados e amplamente discutidos amanhã (28), no 4º Fórum Rumo das Empresas Familiares, que será realizado no Bugan Hotel Recife.

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