Editorial Campanha pela vida

Publicado em: 27/09/2018 03:00 Atualizado em: 27/09/2018 08:57

O Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos é lembrado hoje em todo o país. A campanha visa chamar a atenção para a importância de ser doador e ajudar a salvar a vida de milhares de pessoas que sofrem nas filas à espera de um transplante. No fim do ano passado, mais de 32,4 mil pacientes adultos aguardavam um órgão em todo o Brasil, além de outras 1 mil crianças. Para reforçar a conscientização da população em geral e sensibilizar familiares de pessoas falecidas para que digam sim à doação de órgãos, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) organiza ações anualmente em todas as capitais do país, no chamado Setembro Verde.

Essa estratégia tem resultado em números positivos. No ano passado, o Brasil registrou 16,6 doadores efetivos — aqueles que tiveram órgãos transplantados em outras pessoas — para cada milhão de habitantes (pmp). Foram sete trimestres seguidos de crescimento do indicador, recorde histórico, de acordo com levantamento do portal Governo do Brasil. Foram realizados cerca de 27 mil transplantes, ante 25 mil em 2016.

A informação desempenha papel fundamental nessa questão, haja vista que no passado a doação de órgãos era envolta em mitos e tabus. Como não existe mais lei que obriga o paciente a deixar escrito se é doador de órgãos, é importante comunicar a intenção aos parentes, pois só a família pode autorizar a doação em caso de morte. Pessoas vivas também podem ser doadoras de órgãos, mas apenas aqueles considerados “duplos”, ou seja, que não prejudicarão a própria saúde do doador depois do transplante, como rins ou pulmões, parte do fígado, do pâncreas e da medula óssea.

O presidente da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), Rafael Paim, acredita que o treinamento das equipes de transplante é um dos fatores que contribuem para o crescimento dos doadores de órgãos e tecidos, além do Decreto nº 9.175/17, que regulamenta e detalha os critérios de notificação de morte encefálica. Sem contar que, hoje, a rede pública de transplantes no país é bem organizada e a informação circula de forma muito mais rápida.

Em Minas, o número de doadores efetivos de múltiplos órgãos foi 10% maior em relação ao ano anterior, passando de 217 para 239. Foram realizados 2.244 transplantes no ano passado, conforme dados do MG Transplantes. No entanto, a taxa de notificação de potenciais doadores continua baixa em relação à média nacional, sendo 26,45 (pmp) no estado e 51,6 (pmp) no país.

Esses dados reforçam que, apesar dos avanços registrados no Brasil e em Minas nos últimos anos, o desafio é enorme e esforços, como a campanha Setembro Verde, precisam ser intensificados para aumentar o número de doadores e reduzir as filas que deixam milhares de pacientes e familiares em sofrimento à espera de um transplante.

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