Nem mais nem menos

Cida Pedrosa
Secretária da Mulher do Recife

Publicado em: 26/09/2018 03:00 Atualizado em: 26/09/2018 06:41

Há 70 anos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) num mundo ainda traumatizado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, defendia a igualdade de direitos entre homens e mulheres para promoverem, juntos, o progresso social e melhores condições de vida para todos. Mas, até hoje, nós mulheres ainda não conseguimos exercer plenamente esses direitos. Em vez disso, estamos sob a ameaça de um perigoso retrocesso sociopolítico, com a disseminação de ideias misóginas e totalitárias que ameaçam conquistas alcançadas a duras penas.

Nesse momento dramático, em sintonia com os ideais de liberdade, justiça e fraternidade apregoados pela Carta Magna dos direitos humanos, a campanha Nem mais nem menos: iguais, que a Prefeitura do Recife - através da Secretaria da Mulher - lança esta semana, adquire importância vital. Em filmes curtos, spots para rádios, outdoors e cartazes, a campanha vai abordar questões fundamentais na pauta da luta pela igualdade entre homens e mulheres: equiparação salarial, divisão justa do trabalho doméstico, assédio sexual, direito à livre escolha, entre outras coisas.

O primeiro desses filmes de 60 segundos é um manifesto em defesa dos direitos das mulheres. Queremos deixar bem claro que não vamos aceitar retrocessos de espécie alguma em tempo algum. A luta pela conquista dos nossos direitos começou há mais ou menos um século e custou a vida de muitas mulheres, motivo suficiente para que não venhamos jamais a abrir mão de nenhum deles.

Não estamos apelando à condescendência da sociedade. Estamos exigindo respeito à Constituição, que assegura igualdade de direitos e obrigações entre homens e mulheres. Para fazer o mesmo trabalho, queremos ganhar o mesmo salário. Também queremos dividir as tarefas domésticas que tanto nos sobrecarregam sem render qualquer reconhecimento. Mas, acima de tudo, queremos o direito de não ter nosso corpo violado; de poder andar nas ruas e no transporte público sem medo; de vestir o que quisermos, quando quisermos.

A igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres é um dos objetivos do milênio, traçado pela ONU no ano 2000. Ainda assim, vemos cerceada nossa participação nos espaços de poder e em muitas funções tradicionalmente ocupadas pelos homens. Sem igualdade, jamais teremos um país justo e pacífico, pois a desigualdade é o combustível do desrespeito e do machismo que tanto maltratam e matam em nossa sociedade.

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